Viver é dever – Djavan

Tudo vai mal, muito sal
Nada vai bem pra ninguém
Nessa pressão, quem há de dar a mão?
Pra que o mundo saia lá do fundo pra respirar
E não morrer

Tem que plantar muito mais
Reflorestar ideais
Ideia boa não acontece à toa
Uma vida pra ser bem vivida tem que se dar
Acudir, amparar, prestar mais atenção
Pois viver é dever, se negar é pior, merecer cada mão
A paixão é o sol que se espalha no ar
Mesmo ao anoitecer
Pois viver é dever, se negar é pior, o melhor é viver

No mesmo dia de sol que traz o amarelo
A nuvem esconde o arrebol no mundo paralelo
Nem queira saber, meu amor, o quanto eu te quero
No mesmo dia de sol que traz o amarelo
A nuvem esconde o arrebol no mundo paralelo
Nem queira saber, meu amor, o quanto eu te quero

Tem que plantar muito mais
Reflorestar ideais
Ideia boa não acontece à toa
Uma vida pra ser bem vivida tem que se dar
Acudir, amparar, prestar mais atenção
Pois viver é dever, se negar é pior, merecer cada mão
A paixão é o sol que se espalha no ar
Mesmo ao anoitecer
Pois viver é dever, se negar é pior, o melhor é viver

Pois viver é dever
Na paixão pelo ar
Se negar é pior
Mesmo ao anoitecer
Vai brilhar como o sol
O melhor é viver

Compositores: Djavan Caetano Viana

Podres poderes

Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Motos e fuscas avançam
Os sinais vermelhos
E perdem os verdes
Somos uns boçais

Queria querer gritar
Setecentas mil vezes
Como são lindos
Como são lindos os burgueses
E os japoneses
Mas tudo é muito mais

Será que nunca faremos senão confirmar
A incompetência da América católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos
Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que esta minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir
Por mais zil anos

Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Índios e padres e bichas
Negros e mulheres
E adolescentes
Fazem o carnaval

Queria querer cantar afinado com eles
Silenciar em respeito ao seu transe num êxtase
Ser indecente
Mas tudo é muito mau

Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades
Caatingas e nos gerais

Será que apenas os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão
Dessas trevas e nada mais

Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais

Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo e mais fundo
Tins e bens e tais

Samba da Utopia

Se o mundo ficar pesado
Eu vou pedir emprestado
A palavra POESIA
Se o mundo emburrecer
Eu vou rezar pra chover
Palavra SABEDORIA
Se o mundo andar pra trás
Vou escrever num cartaz
A palavra REBELDIA
Se a gente desanimar
Eu vou colher no pomar
A palavra TEIMOSIA
Se acontecer afinal
De entrar em nosso quintal
A palavra tirania
Pegue o tambor e o ganza
Vamos pra rua gritar
A palavra UTOPIA

Jonathan Silva: voz Ceumar Coelho – participação encantada: voz Filpo Ribeiro: viola dinâmica Lucas Brogiolo: percussão Marcos Coin: violão Coro: Karen Menatti, Lilian de Lima, Eva Figueiredo, Cris Raséc, Luciana Rizzo, Dinho Lima Flor, William Guedes, Rodrigo Mercadante e Lucas Vedovoto. Gravado no Juá Estúdio Vídeo: BRUTA FLOR FILMES