Origami
Manoel Bispo
Pássaro azul, de papel mil vezes redobrado
por mãos de fadas no artesanal e terno invento
pássaro de planuras leves e canto quebrado
ave-arte, cujo voo paira no vagar do intento.
Quantos planos afloram entre as dobraduras
legiões de ângulos rasos como se escondidos
nos ninhos feitos dessas mesmas linhas puras
que a geometria acha nos seus elos perdidos.
Dobrar até a bela formatura sair do abstrato
e o imaginário coração de pássaro disparar
como dispara o coração de Goya no retrato
E, se faltar alguma dobra na ave dita e feita
que não seja o caso de medir ou comparar
posto que é ponto sabido: não há dobra perfeita!
2 Comentários para "Um poema de Manoel Bispo"
Prazer em ver meu amigo e colega de escola MANOEL BISPO. Um grande abraço.
Essa é a alquimia do Bispo, tudo dele vira arte.