Milton Sapiranga Barbosa, especial para o blog
Com o encanto e o charme de uma igreja do interior, a capelinha de Nossa Senhora de Fátima, foi construída para arrebanhar fiéis do bairro da CEA (atual Santa Rita), que crescia de maneira muita rápida, até porque, funcionários da Companhia de Eletricidade do Amapá-CEA, estavam adquirindo terrenos no novo bairro e também como uma maneira de diminuir o número de fiéis da igreja matriz, que já estava ficando pequena para comportar o povo católico de Macapá e os que chegavam de outros estados.
Os moradores da Favela, que trabalhavam de carpinteiros, pedreiros, pintores e auxiliares de serviços gerais, foram convocados para atuarem na construção da igrejinha, num terreno próximo ao marco zero da estrada Macapá- Santana (atual Duca Serra), onde hoje existe o Hospital de Emergências, que já foi o Pronto Socorro Oswaldo Cruz (como mudam nomes de órgãos e logradouros públicos nesta cidade).
Junto com a capelinha, foi construído um barracão/escola, que servia também para reuniões dos Marianos, das Filhas de Maria e para exibições de filmes. Ao lado da capela ficava o campinho de pelada e nos fundos deste construíram a sede dos escoteiros São Maurício (uma bandola 4 por 6 , com uma espécie de palco no alto, que cabia apenas uma mesa de ping-pong e uns 2 ou 3 armários, mas que era por nós orgulhosamente chamada de sede).
O padre Salvador Zonna foi o titular da capelinha. Era um italiano de bom porte físico, com uma fisionomia séria, de poucos sorrisos. Mas era só fachada. Padre Salvador era boa praça, tanto que suportava as traquinices dos moleques Moacir, Mucura, Boquinha, Deverde e Tique-imbiga, este o mais danado de todos e que era sempre expulso do barracão tão logo o filme começava. A expulsão do Tique era o momento aguardado por todos, pois antes de sair da sala, ele se virava no rumo do padre e gritava: “õ,õ,õ,õ bubagem.” E saía correndo na frente do padre, que atrapalhado pela batina e pela ligeireza do moleque, nunca pode dar-lhe um corretivo. Mas no outro dia já estava tudo bem entre o padre e o muleque, até uma nova sessão do seriado do Tarzan.
Como os escoteiros, em sua maioria, eram coroinhas e ajudavam em todas as atividades promovidas pela igrejinha, o padre Salvador dava todo apoio ao grupo de escoteiros comandado pelo chefe Madureira, tendo como chefes auxiliares Juracy Freitas (Jupaty), Orlando Brandão, Duquinha e Pedro Cardoso. Também pertenciam ao grupo de seguidores de Badem Power o Moacir, Ceará, Picolé, Diógenes, Boneco, Sapo, Grilo, Dejacir, Manoel Guedes, Jorge e Marcos Albuquerque, Alcione Cavalcante, os Wálter Maia e Damasceno, João Dutra, Rui e Antônio Maia, Garrincha, Pedro, etc, etc.
Depois que o objetivo que levou a construção da capelinha foi alcançado e o número de fiéis já era grande, obrigou a construção de uma igreja propriamente dita, maior e mais confortável. Construíram então a nova igreja de Nossa Senhora de Fátima e a capelinha foi demolida. Como Adorinam Barbosa eternizou na canção Saudosa Maloca, “cada tábua que caía, doía no coração” de todos que a frequentaram, casaram, fizeram a primeira comunhão, foram batizados ou crismados na capelinha de Fátima, que junto com o padre Salvador, os integrantes do grupo de escoteiros São Maurício, são boas lembranças de minha infância feliz vivida no meu querido bairro da Favela.
11 Comentários para "A capelinha, o padre, escoteiros e molecada"
como posso ter acesso ao acervo que fala sobre o bairro Santa Rita na época que era conhecida como favela e como era tratado o marabaixo e como é visto hoje. Porque meu irmão está fazendo o TCC dele e é sobre o Bairro Santa Rita daquela época.
ola milton vc e o cara. saudade dos tempos bom
O Madureira era muito bom de ping pong
Bateu uma saudade…
Olá Alcinéa, eu trabalho em uma instituição de ensino e sempre acessei seu blog, e como trabalho no setor de marketing foi incubido a mim fazer uma pesquisa sobre as avenidas FAB e Iracema Carvão Nunes. E surgiu a ideia de um dos alunos de fazermos um comparativo de fotos antigas com fotos atuais, como sempre vejo em seu blog fotos antigas peço a você que se possível pudesse nos ceder algumas fotos das referidas avenidas(se as tiver é claro). E não abusando muito, mande um breve comentário sobre essas avenidas.Contando com sua atenção, desde já agradeço. Mandarei a arte do trabalho para você.
Um abraço.
É meu amigo Alcione, tínhamos também, os mudos José e Assis, Manduca, Sacy, Mazagão, Iduino, Cici,Jovico,Paulo Vitor, Arabutan, Toco, Serra, Lito, Manga, Chico Terra. Só não citei no meu relato para não tomar muito espaço. Um abraço e sempre alerta.
Legal rever a fotos de nossa primeira comunhão e da noss igrejinha. Vem logo a lembrança dos Padres Salvador, Jorge,Paulo, Vitório entre tantos outros. Legal também,a crõnica do Milton, que vem se revelando um dos maiores conhecedores das coisas da Favela e CEA ( hoje Santa Rita). Além dos citado pelo Milton com escoteiros da São muiricio tinhamos também o Boquinha, o Rosaldo, o Cara-azeda ( maior bicuda da paróquia) , Elefante, Gasolina, Gil e Gilberto Pinheiro(desembargador), Beleia, Negó, Cuiu, Cuia, Baracão ( grande craque), Mariozinho, Rodrigues Chevrolet…….
Mano, tinha também o Querosene e o Cláclá. Lembra?
Legal rever a fotos de nossa primeira comunhão e da noss igrejinha. Vem logo a lembrança dos Padres Salvador, Jorge,Paulo, Vitório entre tantos outros. Legal também,a crõnica do Milton, que vem se revelando um dos maiores conhecedores das coisas da Favela e CEA ( hoje Santa Rita). Além dos citado pelo Milton com escoteiros da São muiricio tinhamos também o Boquinha, o Rosaldo, o Cara-azeda ( maior bicuda da paróquia) , Elefante, Gasolina, Gil e Gilberto Pinheiro(desembargador), Beleia, Negó, Cuiu, Cuia, Bracão ( grande cra
Onde se lê sino, queria dizer o velho autofalante do Pe. Salvador. Não sei onde fui buscar este sino. Desculpe.
Tinha que ser eu o primeiro a comentar. Rever à frente, o sino e o altar, da Capelinha//Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima, com o saudoso Itamar Simôes no seu amado jeep, foi sensacional. Obrigado, você é única.