Salgado Maranhão, um dos maiores nomes da literatura brasileira, participa da Folia Literária em Macapá

Poeta Salgado Maranhão (Foto: Alec Ribeiro)

Um dos mais importantes nomes da literatura brasileira e aclamado até no exterior, o poeta Salgado Maranhão participa da Folia Literária que acontece no próximo fim de semana em Macapá.

No sábado ele participa da mesa redonda  “Poesia para que? E para quem?”; e no domingo,  da mesa “Da letra da canção ao ritmo da poesia”.
Salgado Maranhão  tem certa intimidade com a literatura produzida no Amapá. Nascido em um quilombo no Maranhão, viveu algum tempo no Piauí. Aos 20 anos mudou-se para o Rio de Janeiro para cursar jornalismo e foi lá que teve o primeiro contato com a poesia amapaense. Na época o amapaense Edi Prado também cursava jornalismo no Rio, os dois fizeram amizade e Edi  lhe apresentou a obra de Alcy Araújo (que, aliás, será homenageado na Folia Literária). Salgado gostou… e muito. Ele próprio me contou isso.

José Inácio, eu (Alcinéa Cavalcante) e Salgado Maranhão (Foto: Flávio Cavalcante)

40 anos de poesia e 70 de idade
Agora em 2023 Salgado Maranhão completa 40 anos de poesia e mês que vem, novembro, 70 anos de idade.
Em comemoração a essas datas, foi lançada em setembro, no Rio de Janeiro, pela Editora Malê, a antologia poética “A voz que vem dos poros”, um seleção super criteriosa dos seus poemas produzidos nestes 40 anos.
Nestas quatro décadas, Salgado já publicou mais de dez livros, venceu importantes prêmios, como o Jabuti, e também foi premiado pela Academia Brasileira de Letras.

Sua obra é estudada em importantes faculdades norte-americanas, como Havard e Yale. Tem poemas traduzidos para o inglês, alemão, italiano, francês, sueco e japonês. Constantemente é convidado para falar de sua obra em universidades do exterior. Até agora já esteve em mais de cem.
Tem poema publicado inclusive no New York Times, como o poema “Índio Velho”.

Em uma entrevista  a Igor Calazans, publicada no livro “Na Poesia Viva: A Poesia Contemporânea Em Frente e Verso” (Editora Viés), Salgado Maranhão disse: “Eu escrevo porque é o meu melhor lugar de respirar, de atestar que vivo e broto, e frutifico. Tendo me apossado da palavra escrita relativamente tarde, sua corporalidade e sua música verbal são motivos de permanentes regozijo e encantamento. Tanto que, meu principal prazer com o ato da escrita, é a própria realização do poema, publicar já é outra relação que se conecta com a alteridade.” 

Além da poesia, Salgado Maranhão é destaque também na música. Tem parcerias com grandes nomes da MPB como Paulinho da Viola e Ivan Lins; tem composições gravadas por Zizi Possi, Ney Matogrosso, Alcione, Elba Ramalho, entre outros.

ÍNDIO VELHO
Salgado Maranhão

Já nos tiraram o couro
e o sangue;
já nos rifaram a terra
e seus nomes santos
(deixando-na rente ao osso).
Insaciáveis, agora, trocam-nos
pelos bois.
Não, à seiva do agrobusiness!
Não, à sorte da agromorte!
Não ao tablet sem a Taba!
Geme a flora,
geme a fauna,
geme o rio de mercúrio.
Do fogo não brotam flores.
Deixem o que ainda nos resta!
O que veste o índio é a floresta.

  • Está filia entrará para história cheia de amor e afeto. Q honra conhecer tantos poetas tão importantes na nossa história. Obrigada querida por sua tão grande contribuição.

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