Eles jogavam muito
Milton Sapiranga Barbosa
O Bairro da Favela, além dos times São José e do Araguary, que disputaram campeonatos organizados pela então Federação Amapaense de Desportos(FAD), hoje Federação Amapaense de Futebol(FAF), tinha dois bons time de pelada, o Favelão Esporte Clube e o Onze Brasileiros Futebol Clube. O primeiro fazia sucesso no Jotistão, torneio anual promovido pela Juventude Oratoriana do Trem. O segundo, 11 brasileiros, foi fundado por um motorista de carro de aluguel, Seu João de tal, que adorava futebol e levava a garotada para disputar jogos amistosos pelos bairros de Macapá e nos distritos de Fazendinha e Santana, conquistando grandes vitórias e belíssimos trféus . E foi num jogo realizado em Santana, que a rapaziada do 11 Brasileiros passou o maior perrengue. Seu João e um dirigente do Santana, se não me falha a memória, Vasquinho, acertaram um confronto amistoso entre 11 Brasileiros e Santaninha, um time formado por filhos de funcionários da ICOMI. Um time considerado imbatível em seus domínios, onde jogavam, entre outros, Venturoso, Nêgo, Bigu, Germano, Luiz, Antônio Trevisani, José Pastana. Destes, apenas o Pastana não chegou a vestir a camisa de titular do time adulto do Santana, pois deu continuidade aos estudos até concluir o curso de Engenharia. No acordo entre os dirigentes ficou definido que Seu João levaria o time à Santana e o retorno seria por conta do time mirim do então Canário Milionário. O Jogo realizado no campinho da Vila Pavulagem, terminou, após um bela exibição dos garotos da favela, com uma goleada de 5 a 1, e um show de bola . Foi aí que a coisa ficou feia pros favelenses. Chateados com a quebra de invencibilidade com acachapante goleada, os dirigentes do Santaninha não providenciaram o transporte para trazer nosso time a Macapá e como seu João, por confiar na palavra do adversário havia assumido compromisso fora de Macapá, ficamos ilhados em Santana.
Andando e com muita fome, fomos até o Restaurante dos Viajantes, que eu sabia pertencer a mãe do meu colega de classe Juracy. Chegando lá expliquei nossa situação, ele falou com a mãe dele que disse tudo bem, mas teríamos que encher dois barril de 200 litros cada. Nem bem ela acabou de falar a turma caiu no “sarilho” e passados alguns minutos já estávamos com nossas barrigas cheias. Depois começou a luta para conseguir carona para voltarmos para casa. Reunimos os poucos trocados que tínhamos e mandamos de Kombi os garotinhos que foram torcer pelo 11 Brasileiros Futebol Clube, como : Bala, Rato, Jorge, Picolé, Bilica e outros. Por outro lado, nosso prêmio, após a brilhante vitória sobre o Santaninha foi andar e correr 27 km, enfrentando piçarra, vento no rosto e muita poeira até a casa do Artur, na Leopoldo Machado, que servia de sede e concentração para o valoroso time do 11 Brasileiros Futebol Clube, que faz parte das boas lembranças de minha infancia feliz vivida no meu querido bairro da Favela.
7 Comentários para "Crônica do Sapiranga"
Milton, concordo em gênero, número e grau com o Antônio Maia, faço apenas uma correção, eu também fazia parte da torcida dos Onze Brasileiros. Olhando a foto retorno ao campinho em frente ao Glicerão, onde o time malinava com os adversários e lamento saber que alguns dêsses valorosos atletas já são saudade.
Em tempo, um abraço ao Humberto Moreira, que a exemplo de você é um arquivo vivo do esporte no Amapá.
Milton, esse time impunha respeito onde quer que fosse e na maioria das vezes vencia de goleada. eu e outros moleques( bilica, negó, Tota, Jacó, Pires e outros que não recordo no momento, naquela época, íamos torcer para o Onze Brasileiros. Olha só o meu irmão Walter(caíta), na lateral! é mole? Bons tempos heim?
Certo Jorge Tavares Pezão. Ele que pedia pro Tota pegar a cabacinha de gelo gelado pro Sapiranga, capitão e um dos craques do time. Teu irmão e padrinho, Moacir, naquela época pesava 60 quilos, hoje, passa dos 100. Jorge, no alto da página tem escrito PROCURA, coloque lá capelinha de fátima, que você vai matar saudade e se emocionar, com certeza. Pode também depois colocar Comércios da Minha Infância, Salão Marajó, Igarapé da Olaria, Pescaria, Vou ser Doutor, Mercadinho da Favela, Favela no Futebol Amapaense e divirta-se. Um abraço forte do amigo Sapí
milton o primeiro da esquerda p/direta e seu arelias pai do cabeça e do tota e tatinho ne. o
Valeu Cjúnio. Correto meu compadre. Quem vc conhece na foto. O garotinho que aparece nos fundos é meu sobrinho Negó,e os restantes.
kkkkkkkkkkk….Meu irmãozinho o dia em que você publicar um livro com todas estas “Estórias”, serei o primeiro adquirir viu? são cada perregues!!
Meu compadre. O seu João foi proprietário da primeira auto escola de Macapá, que funcionava em frente ao Bar do Barrigudo e ao lado da Farmatrem. Ele foi casado com a Terezinha Fernandes, que ainda hoje apresenta programa de rádio na RDM.