WWF – Estudo comprova ocorrência de botos em novas áreas no Amapá

© Adriano Gambarini / WWF-Brasil

A descoberta que mais intrigou os pesquisadores foi a presença de botos no rio Cassiporé, um rio isolado no extremo norte do estado, e sem conexão continental com outros rios

Por WWF-Brasil

Um estudo desenvolvido pelo WWF-Brasil, Instituto Mamirauá e IEPA (Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá) comprovou a existência de botos-cor-de-rosa (Inia geoffrensis), tucuxis (Sotalia fluviatilis) e botos-cinza (S. guianensis) em uma extensão de 4.224 km de rios no estado do Amapá, em uma região onde não se tinha confirmação da existência desses animais.

O estudo foi desenvolvido com dados coletados ao longo de 12 anos e utilizou uma abordagem multidisciplinar com visitas de campo, pesquisas bibliográficas e depoimentos com comunitários e ribeirinhos. “O conhecimento dos povos tradicionais é um dos pontos que utilizamos neste projeto e os relatos apontados por eles quase sempre se confirmam no campo. Tudo é novo, pois não havia nada publicado sobre estes animais naquela região; estamos escrevendo a história dos mamíferos aquáticos do Amapá agora”, afirma Miriam Marmontel, líder do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.

Segundo o estudo, o Amapá pode ser considerado uma nova fronteira econômica da Amazônia, principalmente devido à expansão agrícola, ao potencial energético com a instalação de usinas hidrelétricas e outras atividades, como a pecuária de búfalo. Segundo o especialista em conservação do WWF Brasil, Marcelo Oliveira, as estimativas populacionais, estudos ecológicos e genéticos de diversas regiões da Amazônia são ferramentas essenciais para orientar as estratégias de

conservação, manejo e desenvolvimento sustentável especialmente neste momento de expansão da região. “A descoberta da existência da espécie em uma área muito maior do que se esperava reforça que ainda há muito a se descobrir sobre a Amazônia. O conhecimento da distribuição geográfica das espécies é fundamental para responder a muitas questões ecológicas e sustenta o manejo de conservação eficaz”, afirma Oliveira.

A grande surpresa do estudo foi a comprovação da existência de botos, golfinhos de água doce, no rio Cassiporé e ainda é um mistério como esses animais chegaram até lá. O rio fica no extremo norte do estado do Amapá e só tem conexão com outros grandes rios pelo mar. “Acreditamos que em épocas de grande vazão do rio Amazonas tenha sido possível uma migração destes animais por uma região próxima à costa onde, durante esses períodos, forte fluxo de água doce forma a pluma do rio Amazonas”, diz Oliveira. (Leia mais)

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