Agronegócio: herói ou vilão?

Agronegócio: herói ou vilão?
Leandro Távora*

As exportações do agronegócio brasileiro refletem 46% das exportações brasileiras e em março elas bateram um novo recorde, foram US$ 14,53 bilhões, 29,4% acima comparado a março de 2021, mais da metade desse valor exportado corresponde ao complexo soja (grão, farelo e óleo). De janeiro a março de 2022, as exportações do agronegócio já somam US$ 33,82 bilhões.

Seja por desconhecimento, desinformação, maldade ou diversos outros fatores, é comum ver manchetes atribuindo o papel de vilão ao agronegócio e o rotulando como responsável pelo desmatamento, emissão de CO2, efeito estufa, entre outros. Mas será que de fato é isso o que acontece? Não podemos esquecer que se hoje há comida na mesa, é porque alguém lá no campo plantou, criou, cultivou e trabalhou para que esse produto ou matéria-prima pudesse chegar a nossa mesa.

O agronegócio hoje, é o setor que mais emprega no país, é responsável por 1 a cada 3 postos de trabalho, ou seja, 1/3 do mercado de trabalho é garantido pelo agro. Esse mesmo setor, foi responsável por 26,6% do PIB em 2020 e 27,4% em 2021, em suma ¼ dos bens e serviços produzidos no Brasil foram fruto do agronegócio. Fatores como solo, clima e demanda internacional são extremamente favoráveis ao agro brasileiro.

O Brasil é o país que mais produz açúcar, café, soja e suco de laranja, e o 2º em carne bovina, de frango, farelo e óleo de soja e o 3º em algodão e milho. O agro brasileiro alimenta quase 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo, para se ter ideia, isso é quase 15% da população mundial.

Diante de todos esses dados, há ainda quem afirme: “Ah, o agro é responsável pelo desmatamento e pelo efeito estufa”. Mas, desconhece, por exemplo que todo produtor no Brasil tem que respeitar um % mínimo da terra como área de preservação ambiental e a depender do bioma esse % pode chegar a 80% da terra – que diga-se de passagem é propriedade privada – e as punições por descumprimento são severas, além do que, se você não respeita esses limites, não consegue emitir os documentos legais inerentes à terra.

Indo além, o metano gerado pelos mamíferos ruminantes, é originado na fermentação do capim pastado pelo animal e acontece que para esse capim crescer, essas plantas forrageiras realizam a fotossíntese capturando gás carbônico e liberando oxigênio, pauta esse aprendida ainda no ensino fundamental. Logo, o carbono excretado pelos animais foi, anteriormente, fixado pelas pastagens.

O mundo pode chegar a 10 bilhões de pessoas em 2050, então visando isso, grandes empresas, agricultores e pecuaristas se adiantaram e já vem trabalhando em soluções inovadoras para fortalecer ainda mais o agro brasileiro. Integração pecuária-lavoura-floresta, economia de água e baixo carbono são exemplos.

Mesmo com todos esses resultados positivos e uma baita contribuição para a economia brasileira, o agro sofre ataques quase que diariamente e na grande maioria das vezes, de quem anda de carro, de avião, sequer separam o lixo e não produzem nada. O agro sofre ainda com a insegurança jurídica instalada no país, pois, para se produzir é necessária primeiramente ter a garantia de propriedade da terra, o que é extremamente difícil de se obter em algumas regiões do país.

Por outro lado, quando antigamente só era possível investir nesse setor através da lavoura de fato, hoje em dia você pode ser sócio de grandes negócios ligados ao agronegócio como Brasilagro, Boa Safra Sementes, SLC Agrícola, entre outras, sem precisar ter uma propriedade rural de fato, pois, todas elas listadas na bolsa de valores, basta que você compre ações de alguma delas e seja sócio do setor. Há ainda diversas outras opções de ativos ligados ao agro, como fundos imobiliários que locam estruturas ou terras para produtores e os FIAGROS que vem ganhando terreno no mercado financeiro, são os Fundos de Investimento do Agronegócio.

*Leandro é empresário, pecuarista e investidor, formado em Direito pela Estácio Seama com MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getulio Vargas.
Ele escreve toda semana neste site sobre economia, investimentos e negócios.

Twitter: @leandrotavora
Instagram: @leandrotavora

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