Alternativas de produção de tracajás

Alternativas para viabilizar sistemas de produção de quelônios no Estado do Amapá é um dos temas do “Seminário de Quelonicultura na Amazônia – Produção para a conservação das espécies”,  realizado na Embrapa Amapá no período de 24 a 26 de outubro de 2017. A programação consta de palestras com especialistas da Embrapa e de instituições parceiras, no Auditório Marabaixo, nos hoje, 24,  e e amanhã, 25. Na manhã do dia 26/10, quinta-feira, haverá visita técnica à Unidade Demonstrativa de Produção de Tracajá, instalada na Embrapa Amapá.

O evento é gratuito e tem como público-alvo atuais e potenciais produtores, pesquisadores, técnicos e gestores que atuam no cultivo de quelônios, professores e acadêmicos. De acordo com a coordenadora do seminário, pesquisadora Jamile Araújo, os objetivos desta programação são integrar os participantes da cadeia produtiva de quelônios amazônicos, com ênfase em tracajás; debater caminhos para o desenvolvimento e fortalecimento da cadeia da quelonicultura; e divulgar a quelonicultura como alternativa no combate ao tráfico de quelônios. Quelonicultura é a criação de quelônios em cativeiro com fins comerciais. Os quelônios estão divididos em tartarugas (quelônios que vivem na água); cágados e tracajás (quelônios que vivem na água e na terra); e jabutis (quelônios que vivem na terra).

A realização deste seminário faz parte das atividades do projeto “Produção de tracajá em cativeiro como alternativa sustentável para o desenvolvimento amazônico” (AmapaJá), financiado pelo Banco da Amazônia por meio de edital de seleção pública publicado pelo banco para apoio financeiro, com o objetivo de apoiar atividades de pesquisa científica e tecnológica que contemplam transferência de tecnologias. Desenvolvido pela Embrapa Amapá, o projeto é voltado para sistema de produção comercial do tracajá (Podocnemis unifilis) em cativeiro na Amazônia. A pesquisa desenvolve ações para atender ao objetivo de estabelecer e aprimorar índices zootécnicos, desenvolver tecnologias e capacitar multiplicadores para produção de tracajá em cativeiro. Para isso, envolve uma equipe técnica e de apoio, e acadêmicos bolsistas, empenhados em estudos da produção e aprimoramento de índices zootécnicos e avaliação de rendimento de carcaça de tracajá; estratégias de comunicação e capacitação; implantação de Unidade Demonstrativa e estudo de mercado de produtos oriundos do tracajá.

Tracajá é uma espécie com boa condição para criação em cativeiro

O tracajá é uma das espécies mais capturadas para consumo na Amazônia brasileira – integrando a lista de animais vulneráveis à extinção -, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza e a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção. Além de ser a espécie mais apreendida pelo órgão fiscalizador de tráfico de animais silvestres, no Amapá (2005 a 2009), totalizando 35,55% das apreensões. Este fato demonstra o alto grau de uso desta espécie pela população no estado, a qual consome a carne e ovos destes animais de vida-livre, comprometendo de forma drástica a manutenção dos estoques naturais.

Uma espécie com boa condição para criação em cativeiro, o tracajá é de fácil adaptação às condições de manejo de criação e de boa aceitação pelos consumidores. A produção comercial em cativeiro pode ser uma alternativa para reduzir o tráfico, gerar renda para as comunidades e contribuir para a preservação da identidade cultural das mesmas, já que consumir esta espécie faz parte da cultura amazônica. Entretanto, este hábito cultural encontra-se ameaçado por conta das restrições legais de uso desse recurso natural, visando sua proteção, pois apesar da produção comercial desta espécie ser autorizada, não há dados que subsidiem o sistema de produção. Visando contribuir para o desenvolvimento do sistema de produção comercial de tracajá, o projeto da Embrapa objetiva elucidar o comportamento de crescimento, densidade de estocagem, manejo nutricional (exigência proteica e restrição alimentar) e medidas de bem-estar animal na produção desta espécie, além de estudar o potencial de comercialização dos produtos oriundos deste sistema de produção, e do potencial econômico e nutricional.

(Dulcivânia Freitas – Ascom/Embrapa)

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