Emoção também no Senado

Emoção, história e marabaixo em homenagem ao Amapá, em Brasília
Por Carla Ferreira

O hino do Amapá, na voz de Hanna Paulino, marcou a abertura da Sessão Especial “Amapá no Senado”. E não só isso, a plateia, tipicamente de parlamentares, dessa vez deu lugar, também, aos nascidos em terras tucuju, vários amapaenses convidados para o evento ocuparam as cadeiras do plenário do Senado Federal. E todos silenciaram para ouvir a cantora que mostrou ao Brasil, ao vivo pela TV Senado, o som do tradicional marabaixo, som genuinamente do Amapá e reproduzido pela percussão de João Batera e Vinicius Bastos que também tocavam ao vivo. E assim foi iniciado um dia histórico para o Amapá dentro do Congresso Nacional.

Por cerca de duas horas a sessão pelos 72 anos de criação do ex-Território foi marcada por aplausos, sorrisos e lágrimas. Janary Nunes Filho e Guairacá Nunes, filhos de Janary Nunes – primeiro governador do ex-território, se emocionaram em vários momentos ao ouvir discursos relatando os primeiros anos de construção do Amapá pelas mãos do então governador.

Autoridades do Estado estavam presentes como o Procurador Geral de Justiça do Amapá, Roberto Álvares; o Promotor de Justiça João Furlan; e os prefeitos de Serra do Navio, José Maria; e de Vitória do Jari, Raimundo Souza, além do ex-governador e senador João Alberto Capiberibe, Primeiro Secretário da Embaixada da França no Brasil, Mathieu Joagoue, e Lourival Freitas como representante do povo amapaense. Mesmo convidados, nenhum Deputado Federal compareceu.

A sessão especial para homenagear a história do ex-território foi solicitada, em agosto,  pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL) que fez um discurso emocionante. Randolfe relatou fatos históricos “O nome Amapá tem a denominação indígena “onde a terra acaba”. Essa definição faz todo o sentido, porque principalmente quem desce pelo Oiapoque percebe e encontra o estuário do grande mar de água doce, de Vicente Yáñez Pizón e encontra o sentido com que os primeiros habitantes do Amapá denominaram essa terra. É também do tupi-guarani que denominam o Amapá de “lugar da chuva”. Talvez essa visão tenha também mais sentido porque é a perspectiva que têm aqueles que lá habitam, principalmente entre os meses de janeiro e julho, quando, na região amapaense, na floresta amapaense, se tem um dos maiores índices pluviométricos da América e do mundo”.

O senador que nasceu em Pernambuco mas vive no Amapá desde criança, e o adotou como sua terra natal, destacou que o “lugar da chuva” enfrenta muitos problemas de desenvolvimento “Apesar de ser um estado diferenciado dos demais ainda sofre com o esquecimento do governo federal. O abandono se expressa em diversas manifestações atuais: a ponte que deveria nos ligar com a Comunidade Europeia que não é inaugurada, as obras que não são acabadas por parte do Governo Federal, o não reconhecimento do papel estratégico que tem essa região para a Amazônia”.

O senador encerrou sua homenagem afirmando que tem muita fé no Amapá e no seu destino “Tenho principalmente muita fé no legado que vem dos nossos pioneiros e ancestrais, de Janary, de Celso Salé, de Coaracy Nunes, de Julião Ramos, de Mãe Luzia e de tantos e tantos outros. Temos uma história a honrar. Temos um futuro que tem de estar à altura desses que fundaram este local, o melhor endereço do Planeta: esquina do rio mais belo com a linha do Equador”.

Enquanto os convidados discursavam na tribuna, os presentes assistiam pela tela de LED do plenário, um clipe com fotos das belezas amapaenses: rios, paisagens, os barcos da região e tantas outras imagens de retrataram o Amapá como ele realmente é: rico e abundante.

A História

Criado em 13 de setembro de 1943, por decreto do então presidente da República, Getúlio Vargas, o Território Federal do Amapá foi enfim desmembrado do Pará. Com a Constituição de 88, o território adquiriu autonomia política e administrativa, tornando-se um estado.  Por conta disso, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL –AP) tomou a iniciativa de celebrar os 72 anos de criação do território do Amapá.

O estado é um território rico, especialmente em minérios, e pode contribuir muito para o crescimento do país e a melhoria das condições socioeconômicas de milhões de habitantes da região amazônica. Segundo levantamento de 2014 do IBGE, vivem atualmente nos 16 municípios do estado 734 mil pessoas, mais da metade na região metropolitana da capital, Macapá.

Relatos na tribuna e fora dela

“Nós agradecemos a oportunidade de estarmos aqui, trazendo aquilo que faz parte da nossa força, da força do povo tucuju. Muito obrigada, Senador” – Hanna Paulino, cantora

“Falar nesta tribuna, em bom proveito, quando há 72 anos da criação do Território Federal do Amapá, é falar de uma lembrança positiva. E agir hoje em favor da História não é ter preocupação com o passado e muito menos com o presente: é ter preocupação, senhores, com o futuro. – Roberto Álvares, Procurador Geral de Justiça do Amapá

“O desenvolvimento do agronegócio exige do Governo brasileiro aporte financeiro para o provimento da infraestrutura portuária necessária no Estado do Amapá, para o provimento da manutenção e operacionalização da estrada de ferro do Amapá e para o provimento da pavimentação da BR-156 e da BR-210. Tais investimentos poderão possibilitar que o Estado do Amapá dê uma contribuição muito grande para o desenvolvimento do País “ – José Maria, prefeito de Serra do Navio.

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