Jornalista e escritor Ruy Guarany Neves morre aos 87 anos em São Paulo


Jornalista, escritor, técnico em telecomunicações, funcionário público aposentado, Ruy Guarany Neves faleceu hoje à tarde, aos 87 anos em São Paulo, onde fazia tratamento para combater um câncer.
Depois da aposentadoria dedicou-se mais à arte de escrever e publicou dois livros: O Homem da Fronteira, em 2005 e A Missão de Comunicar,   em 2015.
Escreveu milhares de crônicas e artigos nos jornais amapaenses desde a década de 1950. Deixou vários livros inéditos.
Nas horas vagas gostava de jogar xadrez. Foi um enxadrista muito bom e elegante. Por diversas vezes joguei com ele em alguns torneios e também na sua casa. Ele fazia jogadas de mestre.
Ruy era bom em tudo que fazia.
Querido Ruy, descanse em paz!
À família, especialmente a sua esposa Regina e seu filho Rui Smith, meus queridos amigos, apresento os meus sentimentos e peço a Deus que dê forças a vocês para suportar esta imensa dor.

Deixo aqui uma biografia dele que colhi no blog da Associação Amapaense de Escritores, da qual ele fazia parte:

INFORMAÇÕES BIOGRÁFICAS

Por Sandra Regina Smith Neves

Numa manhã ensolarada do mês de agosto, em Clevelândia do Norte, Oiapoque, às 11 horas do dia 03 agosto do ano de 1930, nasceu Ruy, filho de Cezarina Guarany Neves e Manoel Cavalcanti Neves. Nasceu em casa, localizada à beira do rio Oiapoque, de cujas janelas se avistava o lado francês e se ouvia o canto do Uirapuru. Criado por sua mãe, de quem herdou a docilidade, e por seu avô materno, Fernando Guarany, a quem todos carinhosamente chamavam de Pai Velho, concluiu as primeiras séries do curso primário na escola pública da vila do Espírito Santo do Oiapoque. Aos 16 anos transferiu-se para Macapá a fim de cursar o ginásio, mas a necessidade de trabalhar o obrigou a concluir o 2º grau muito tempo depois. Aos 50 anos, fez o curso profissionalizante de técnico em Telecomunicações, em nível de 2º grau, através do Ensino Supletivo, com registro no Crea-Pará. Aos 18 anos inicia a sua carreira no serviço público do ex-Território Federal do Amapá como radiotelegrafista. Atuou como noticiarista na recepção de notícias telegráficas para divulgação na Rádio Difusora de Macapá. Autodidata, apaixonado por telecomunicações, e dono de uma inteligência peculiar responsável pelo seu apurado senso de humor, fez desse humor inigualável uma arma contra as agruras da vida, jamais esquecendo, no entanto, de colocá-lo contra as injustiças e a favor da alegria – e acima de tudo – da liberdade de pensamento. No período de 1965 a 1982 exerceu o cargo de superintendente de telecomunicações do Amapá. Autor do Plano de Telecomunicações do Governo do Território,Telefonia em Banda Lateral Singela, presidiu o grupo de trabalho que estudou a viabilidade da televisão em Macapá. Representou o Amapá no I Congresso Brasileiro de Telecomunicações, realizado no Rio de Janeiro, em junho de 1966. Representou o Território no II Congresso Brasileiro de Telecomunicações, realizado em São Paulo, em julho de 1967. Dirigiu os serviços de implantação do sistema de telecomunicações da Universidade Federal de Alagoas (1974). Dirigiu os serviços de instalação do sistema de telecomunicações da Polícia Federal, em São Luís, Belém e Macapá. Em 1972 instalou o serviço de telecomunicações do Incra, na Transamazônica. Em 1974 participou da equipe de técnicos da Maxuel incumbida de instalar a estação geradora de TV, adquirida pelo governo do ex-Território. Como servidor público, frequentou os cursos de telecomunicações por ondas portadoras, Inbelsa, São Paulo; telecomunicações em portadora reduzida, Intraco, São Paulo; telecomunicações em propagação horizontal, Motorola, São Paulo; organização de sistemas, Entel, Rio de Janeiro; especialização em administração profissional, Instituto de Pesquisas Rodoviárias, Ministério dos Transportes, ministrado em Macapá. Em 1959 frequentou o curso de pilotagem no Aeroclube de Macapá. Foi radioamador classe “A”, filiado à RNR (Rede Nacional de Rádio). Em 1985 presidiu a seccional da Liga de Amadores Brasileiros de Rádio Emissão, no Amapá. Aposentou-se aos 54 anos. A partir daí, passou a dedicar-se ao jornalismo, tendência que se verificara desde a infância, quando estudante da escola pública em Oiapoque, ao escrever uma crítica à professora, por não concordar com o uso da palmatória nas sabatinas de tabuada. A primeira participação na imprensa aconteceu na década de 1950, no jornal A Notícia. Como articulista do Jornal Amapá, de propriedade do governo do Território, publicou artigos abordando aspectos técnicos relacionados às telecomunicações. De 1993 a 1995 atuou como articulista do Jornal do Dia. Em 1996, passou a atuar no jornal Diário do Amapá, onde permanece até hoje. Além de articulista, durante dois anos assinou a coluna Dito Popular. Por sua atividade jornalística, recebeu o título de Cidadão de Macapá, conferido pela Câmara de Vereadores e dois títulos conferidos pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, 1995/1996. No livro “Colunistas Brasileiros”, seu nome é destacado entre os melhores formadores de opinião do país. Seus artigos e crônicas tem no humor sua principal característica. Humor mordaz e aguçado que pode possibilitar aos leitores rir da própria história e assim acatar, se necessário, a continuidade salutar da vida. Desde muito jovem percebeu no humor a principal arma para dizer o que deve ser dito, criticar o que deve ser criticado e viver, assim, o que precisa ser vivido. Sempre de forma alegre e doce, o fazer rir é a sua forma de permanecer vivo, sem esquecer dos muitos amigos, parentes e de sua família, sua companheira Regina Smith, sua irmã Lia, seus filhos Sandra, Ruy, Ana Célia, Socorro, Paulo, Fernando e Natasha; seus netos Fernanda, Gustavo, Hanah, Rodrigo, Roberta, Valéria, Victor e Felipe; seu genro Marcos e suas noras Maribel, Margareth e Dayse. Aos 77 anos, detentor de boa visão, costuma dizer que ainda não tem idade para usar óculos. Quando lhe perguntam por que o seu casamento deu certo, sempre responde: “É porque tudo começou no arraial de São José”. Avesso à formação de comissões, costuma dizer que, quando se forma uma comissão para debater determinado assunto, é porque não se quer resolver absolutamente nada. Essa é a forma que encontra de viver sempre, e cada vez mais, o riso da vida e a vida do riso, com uma dose extra de humor. Que o Uirapuru cante cada vez mais alto e forte.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *