O velho Trapiche Eliezer Levy, de muitas histórias, causos e lendas.
Nele atracavam embarcações de bandeiras de vários países e os gringos aproveitavam para tomar um sorvete, servido em taça de inox pelo famoso garçom Inácio, no Macapá Hotel.
Era desse trapiche que saíam os navios com destino a Belém. No final das férias iam lotados de universitários que voltavam para as faculdades (não havia ensino superior no Amapá).
Nas tardes de domingo o velho trapiche era a passarela da juventude. Depois da sessão da tarde nos cines João XXIII e Macapá os jovens iam como em procissão passear ali. Era um passeio obrigatório.
À noite era comum ver na ponta do trapiche um pescador solitário. Um pescador de peixes, ou de estrelas, ou de poesia ou de raios da lua.
A foto é do tempo em que ainda existia a tão cantada em verso e prosa “Pedra do Guindaste” de muitas lendas. Uns diziam que meia noite a pedra transformava-se num navio de ouro maciço enfeitado com diamantes e esmeraldas. Outros contavam que era uma princesa encantada. E tinha gente que jurava ter visto “com esses olhos que a terra há de comer” a pedra se transformar em princesa quando o relógio marcava meia-noite em ponto.
Um dia colocaram a imagem de São José, padroeiro de Macapá, em cima da pedra. Pouco tempo depois um navio chocou-se com ela destruindo-a. No lugar foi construído um pedestal de concreto para São José, colocado de costas para a cidade, mas abençoando todos que aqui chegam pelo majestoso rio Amazonas.
A imagem do santo padroeiro é uma obra de arte do escultor português Antônio Pereira da Costa. Ele também esculpiu os bustos de Tiradentes (na Polícia Militar) e Coaracy Nunes (no aeroporto) e os leões do Fórum de Macapá (atual sede da OAB).
5 Comentários para "O velho trapiche"
Belo texto, bonita lembrança.
É pena q a obra q “modernizou” o trapiche isolou Macapá via fluvial. A extensão do trapiche deveria q ir até o canal para atração de embarcações.
Acabaram com o portão de entrada da capital pelo o maior rio da terra, um crime para o turismo e o comércio. Espero e qro q um dia algum iluminado gestor venha corrigir essa inversão da logica.
Voltei no tempo Alcinéia. Trapiche, Cine João XXIII. Bons tempos. Valeu…
Bons tempos, grande craque
Olá Alcinea, amei seu texto. Me lembro bem do seu Inácio e muitas outra lembranças do antigo hotel.
Obrigada, Eduardo