Poema com destino à Noruega
Alcy Araújo (1924-1989)
Eu ando com a cabeça baixa e dolorida
tateando na sombra dos guindastes
o corpo flácido das mulheres das docas
dentro das noites do cais.
Por que passam por mim tantos
marinheiros, navios, ondas balouçantes?
Se eu pudesse
descansaria a cabeça dolorida
num saco, num fardo, numa caixa,
depois escreveria um poema simples
e montava-o na onda com destino à Noruega.
E a moça loira que o lesse ao sol da meia noite
não saberia nunca que sou negro, fumo liamba
e tenho as mãos revoltadas e calosas.
(Poema extraído da Antologia Modernos Poetas do Amapá, lançada em 1960)
4 Comentários para "Chá da tarde"
Lindo! Arte pura! Pura arte!
Que bacana, gosto muito deste escritor. Por acaso, meu irmão já esteve na Noruega, país sem assaltos, uma delícia…Boa semana para você, Alcinéa.
Belissimo poema.
Bjs MANO
Lindo poema! Parbéns, Alcy, onde você estiver… Num cais todo iluminado, na proa do navio, na espuma do mar, no coração da estrela azul…