TRE-AP – De censor a defensor da democracia

Na quinta-feira, 14, fui homenageada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AP). Um reconhecimento pela minha atuação  como jornalista há mais de 50 anos e como poeta e escritora. Além de mim, outras 26 importantes mulheres receberam homenagens.
Durante toda minha vida já recebi inúmeras homenagens, não só aqui no Amapá, mas também no Brasil e no exterior. Mass digo para vocês que esta homenagem que me foi prestada pelo TRE tem um sabor diferente e está anotada em meu diário como uma das mais importantes.
E explico o motivo: Houve uma época em que o TRE  praticamente não cumpria sua missão, pois estava a serviço de um candidato (sobre isso até um dossiê foi enviado ao TSE). Por estar a serviço de uma candidatura censurou vários jornalistas que ousavam noticiar os mau feitos, maracutais e abusos do tal candidato. Multas exorbitantes, impagáveis, foram aplicadas aos jornalistas, matérias tiveram que ser tiradas do ar, emissoras de rádio e sites jornalísticos foram censurados. Bastava que se escrevesse uma linha que desagradasse o tal candidato, ele, o candidato, entrava com ação no TRE. E o TRE acatava, mandava tirar o texto do ar, aplicava multas que ultrapassavam R$ 100 mil e ordenava que se publicasse um enorme direito de resposta, que, na verdade, de resposta nada tinha. Era um texto padrão ofendendo os jornalistas. Não se cumpria o que determina a lei: a resposta tem que ser do mesmo tamanho da suposta injúria ou calúnia.
Eu, por exemplo, fui vítima do TRE e seu candidato. Foram cerca de 20 ações contra mim que totalizam quase R$ 2 milhões de multas. Valor que nunca poderei pagar e até hoje enfrento problemas por causa disso. Do mesmo modo mais uma dezena de jornalistas foram também processados e até agora enfrentam problemas decorrentes dessas multas absurdas.
Mas os tempos mudaram. Alguns dos desembargadores que amordaçaram a imprensa estão aposentados; alguns daqueles  juízes ficaram estagnados na carreira, esquecidos, não se ouve falar neles.
Sem eles, o TRE de alguns anos para cá inaugurou um novo tempo. É um TRIBUNAL ELEITORAL com letras maiúsculas, primando por eleições limpas, defendendo a liberdade de expressão, a democracia, o direito da sociedade ter a informação correta, combatendo as fake news e não dando trégua para candidatos patifes.
Diferente daquele tempo, hoje o TRE-AP é confiável, apura toda e qualquer denúncia independente se o candidato é um simples verdureiro ou um “poderoso”, se é dono de uma quintanda ou se se acha dono do mar e do mundo.
Ao receber a homenagem, lembrei dos meus colegas jornalistas que foram perseguidos, humilhados, censurados por aqueles desembargadores e juízes que mancharam o nome do Tribunal e deixaram seus nomes escritos nas páginas negativas  do livro da história do Amapá, ao contrário dos que vieram depois como Carlos Tork, Rommel Araújo, João Lages, entre outros cujos nomes estão nas páginas douradas da história pois resgataram a credibilidade do TRE, a confiança na Justiça Eleitoral e o respeito da sociedade. Por tudo isso e muito mais, no meu breve pronunciamento agradecendo a homenagem eu disse: “Hoje estou aqui recebendo esta homenagem, mas o TRE também merece ser homenageado pelo que se tornou nos últimos anos”.

  • Merecida homenagem. Por toda sua história no jornalismo e de vida em nosso estado.
    Parabéns querida.
    Amo você.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *