Era notícia…

Notícia publicada na edição 32, do jornal Pinzônia, no dia 15 de dezembro de 1896:
“Gatunos desaforados andam pela Rua da Praia e na noite do dia 12 invadiram o quintal da tia Florinda e roubaram-lhe todos os pés de couve. Da casa do senhor Gregório Leite levaram 4 galinhas e um galo. E note-se que o senhor Gregório é soldado da polícia. Se roubaram policiais, o que será de nós?”

Velha praça, velha praça, tenho saudade de ti

Praça da Matriz em 1935  (hoje Veiga Cabral)

No coreto se apresentavam as bandas de música da Guarda Territorial e do Mestre Oscar. Foi ouvindo estas bandas que interpretavam de forma magistral clássicos da música que muitos casais começaram a namorar e casaram, aí pertinho do coreto mesmo, na bicentenária igreja de São José.

O poeta Arthur Nery Marinho – que veio para o Amapá em 1946 – chegou a tocar  no coreto e relembra a velha praça nesta poesia publicada no livro “Sermão de Mágoa”, em 1993.

Praça Antiga
Arthur Nery Marinho

Velha praça, velha praça,
tenho saudade de ti.
Não da bonita que estás
mas da que eu conheci.

A praça do tio Joãozinho
e do seu Naftali:
o primeiro era Picanço
e o segundo Bemerguy.

A praça do João Arthur
também a praça do Abraão,
a praça que outrora foi
da cidade o coração.
A praça em que se jogava
todo dia o futebol,
esporte que só parava
quando já dormia o Sol.

Parece que isto foi ontem,
mas tanto tempo passou,
o que deixou de existir
minha saudade gravou.
Vejo a barraca da Santa,
vejo ali o ABC.
Há muito tempo não existem
mas a minha saudade os vê.

Da igreja o velho coreto
eu avisto, neste ensejo.
Do mestre Oscar vejo a banda
e lá na banda eu me vejo.

Eu considero um castigo
não apagar da lembrança
o que me foi alegria
e agora é desesperança.

Velha praça, velha praça,
renovaste e linda estás.
Não tens, porém, a poesia
do que ficou para trás.

Lembras do “caixa de cebola”?

Este é o primeiro ônibus que circulou em Macapá. Era chamado “Caixa de Cebola”. Você andou nele? Seus pais andaram? Conhece alguém que andou nele? Conta aí na caixinha de comentários e se souber conta também porque ele era chamado de “Caixa de Cebola”

O velho trapiche

O velho Trapiche Eliezer Levy, de muitas histórias, causos e lendas. Nele atracavam embarcações de bandeiras de vários países e os gringos aproveitavam para tomar um sorvete, servido em taça de inox pelo famoso garçom Inácio, no Macapá Hotel.

Era desse trapiche que saiam os navios com destino a Belém. No final das férias iam lotados de universitários que voltavam para as faculdades (não havia ensino superior no Amapá).

Nas tardes de domingo o velho trapiche era a passarela da juventude. Depois da sessão da tarde nos cines João XXIII e Macapá os jovens iam como em procissão passear ali. Era um passeio obrigatório.

À noite era comum ver na ponta do trapiche um pescador solitário. Um pescador de peixes, ou de estrelas, ou de poesia ou de raios da lua.

A foto é do tempo em que ainda existia a tão cantada em verso e prosa “Pedra do Guindaste” de muitas lendas. Uns diziam que meia noite a pedra transformava-se num navio de ouro maciço enfeitado com diamantes e esmeraldas. Outros contavam que era uma princesa encantada e tinha gente que jurava ter visto “com esses olhos que a terra há de comer” a pedra se transformar em princesa quando o relógio marcava meia-noite.

Um dia colocaram a imagem de São José, padroeiro de Macapá, em cima da pedra. Pouco tempo depois um navio chocou-se com ela e praticamente nada restou dela. No lugar foi construído um pedestal de concreto para São José.
O santo padroeiro fica de costas para a cidade, mas abençoando todos que aqui chegam pelo majestoso rio Amazonas.

Gente que fez Macapá mais musical

1970 – Professor Tiago, saudoso maestro e professor de música

Em sua equipada bicicleta com retrovisor, buzina e farol, ele rodava toda Macapá  falando de música, dando aulas particulares e  no Colégio Amapaense (quando a música era disciplina na grade curricular das escolas públicas).
Professor Tiago era muito querido e fazia questão de receber em sua casa seus alunos do Colégio Amapaense que queriam aprender um pouco mais do que era ministrado em sala de aula. Era também um paizão para os alunos, sempre dando conselhos, orientando e até ralhando.
Fui aluna dele no Colégio Amapaense e guardo bonitas e alegres lembranças.
E você? Teve o privilégio de conhecê-lo?

A Revista do Amapá e a República Independente do Cunani

De vez em quando fico folheando minha modesta coleção de revistas antigas. Gosto muito de fazer isso e gosto também de compartilhar. Então hoje divido com vocês a capa  da edição número 8 Revista do Amapá, de novembro de 1948.
A revista era uma publicação do governo do então Território Federal do Amapá e nesta edição trazia como matéria de capa a história da vila de Cunani, que chegou a ser, por um curto período , um país independente.
Moedas da República do Cunani ficaram por muitos anos expostas no Museu Histórico-Científico Joaquim Caetano da Silva, em Macapá. De lá foram roubadas. (Sim. No Amapá se rouba tudo)
Uma das grandes atrações da vila eram os sinos da capelinha, feitos na França. Verdadeiras obras de arte.

Cunani fica a cerca de 300km de Macapá.

No tempo dos bailes

A foto é do início dos anos 70 – Banda “Os Inimitáveis” tocando no Manganês Esporte Clube, em Serra do Navio. O Manganês promovia os mais comentados e badalados bailes na época. Muita gente se abalava de Macapá para a Serra, enfrentando cinco horas de trem, só para participar destes bailes, principalmente se fosse com “Os Inimitáveis”, considerada uma das melhores bandas que o Amapá já teve. Era formada por Zé Crioulo,  Noé, Biroba,Manoel Cordeiro, Toinho,  Rodolfo Santos e Zé Maria Coquinho.

(Foto: acervo de Rodolfo Santos)

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