Hoje é Dia Internacional do Poeta

“Qual seria o anel do poeta,
se o poeta fosse doutor?
– Uma saudade brilhando
na cravação de uma dor”
(Catulo da Paixão)

Se alguém te perguntar o quiseste dizer com um poema, pergunta-lhe o que Deus quis dizer com este mundo… (Mario Quintana)

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
(Fernando Pessoa)

Mas o que vou dizer da Poesia? O que vou dizer destas nuvens, deste céu? Olhar, olhar, olhá-las, olhá-lo, e nada mais. Compreenderás que um poeta não pode dizer nada da poesia. Isso fica para os críticos e professores. Mas nem tu, nem eu, nem poeta algum sabemos o que é a poesia. (Garcia Lorca)

O poeta é um jornalista da alma humana. (Affonso Romano de Sant’Anna)

Eu não forneço nenhuma regra para que uma pessoa se torne poeta e escreva versos. E, em geral, tais regras não existem. Chama-se poeta justamente o homem que cria estas regras poéticas. (Maiakovski)

 

Não sou alegre nem triste: sou poeta (Cecília Meireles)

Minha poesia é cheia de imperfeições. Se eu fosse crítico, apontaria muitos defeitos. Não vou apontar. Deixo para os outros. Minha obra é pública. (Carlos Drummond)

Dever do poeta é cantar com seu povo e dar ao homem o que é do homem: sonho e amor, luz e noite, razão e desvario. (Pablo Neruda)

 

MINHA POESIA
Alcy Araújo

A minha poesia, senhor, é a poesia desmembrada
dos homens que olharam o mundo
pela primeira vez;
dos homens que ouviram o rumor do mundo
pela primeira vez.
É a poesia das mãos sem trato
na ânsia do progresso.
Ídolos, crenças, tabus, por que?
Se os homens choram suor
na construção do mundo
e bocas se comprimem em massa
clamando pelo pão?
A minha poesia tem o ritmo gritante
da sinfonia dos porões e dos guindastes,
do grito do estivador vitimado
sob a lingada que se desprendeu,
do desespero sem nome
da prostituta pobre e mãe,
do suor meloso da gafieira
do meu bairro sem bangalôs
onde todo mundo diz nomes feios,
bebe cachaça, briga e ama
sem fiscal de salão.
– Já viu, senhor, os peitos amolecidos
da empregada da fábrica
que gosta do soldado da polícia?
Pois aqueles seios amamentaram
a caboclinha suja e descalça
que vai com a cuia de açaí
no meio da rua poeirenta.
Cuidado, senhor, para o seu automóvel
não atropelar a menina!…

Vamos ler?

Tarde de quinta-feira (e todas as tardes) é bom para ler poesia. Da minha estante coloco hoje à sua disposição essa prateleira de poesias. Qual destes livros você quer ler hoje tomando um cafezinho? Qual destes poetas você mais curte? Conte pra nós que poesia marcou um momento especial de sua vida

Recomendo

Tenda Multicultural: espaço das artes, literatura e saber da 49ª Expofeira do Amapá

Declamações de poesias, exposições de livros, literatura, contação de histórias, música, teatro, piadas, estátuas vivas, dança, tudo em um mesmo lugar e com muita diversão. Assim está funcionando a Tenda Multicultural, um espaço dedicado às artes, que está atraindo públicos bem distintos na 49ª Expofeira Agropecuária do Amapá.

Localizada à direita, na rua principal do Parque de Exposições da Fazendinha, a tenda é uma proposta organizada pelo governo do Estado, sob responsabilidade da Secretaria de Estado da Cultura (Secult).

Já passaram pelo espaço artistas e grupos como Cia. de Teatro Piracuí, Trupe Gargalhada, Os Paspalhões, Cia. de Animação Alegria Alegria, Galinha Pintadinha e Stand Up Bar.

Os grupos Abeporá das Palavras, Poemas de Quinta, Pássaros Cantam na Chuva, Desiderare, Pena e Pergaminho, entre outros, são responsáveis pela programação literária.

“Nosso foco é fomentar a literatura, o hábito da leitura, o gosto pelo saber, de forma lúdica, envolvendo as pessoas, por isso esse espaço é cheio de cores, sons, livros. E o principal: é uma proposta que integra os grupos. A organização é do Abeporá, mais o trabalho é de parceria, de um coletivo de artistas”, explica Mara Valdene, uma das coordenadoras do Abeporá, junto com Carla Nobre, Elisete Jardim, Rai Amorim e Benedita Dias.

E àquelas pessoas que quiserem se saborear com uma boa leitura: infanto-juvenil, contos, dramas, poemas, poesias e prosas, podem procurar a Tenda Multicultural nos turnos da manhã, tarde e noite, e a minibiblioteca fica aberta ao público nos três turnos.

O estudante Anderson Cardoso, 14 anos, aprovou a proposta. “É bacana quando se une leitura e música, e esse espaço está chamativo porque a gente passa pela frente e vê as pessoas trabalhando com muita alegria, elas leem brincando com a história”, declara.

(Rita Torrinha/Secult)

Chá da tarde

Johrei
Alcinéa Cavalcante

Me conta, menino,
que luz é essa
que sai da palma da tua mão
e dissipa tristezas,
elimina dores
e faz a noite parecer dia.

Me fala, menino,
que luz é essa
que feito raio de sol
aquece meu coração,
aquieta minh’alma,
me banha de amor.

Me diz, menino,
de onde trouxeste esta luz.
Me ensina o caminho
que eu também
quero ir lá buscar.

Um poema de Cora Coralina

Não Sei
(Cora Coralina)

Não sei… se a vida é curta
ou longa demais pra nós,

Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
Mas que seja intensa,
verdadeira, pura…
Enquanto durar.