Nessa tarde chuvosa de domingo…

Barquinhos de papel

Que sonhos transportam
estes barquinhos de papel
soltos pela gurizada
nos riozinhos formados pela chuva?
Em que porto da vida eles ancoram?
Em que altura da vida-rio eles naufragam?

Na infância (já tão distante)
também soltei barquinhos de papel
e quando a chuva cessava
saía correndo de casa para resgatá-los.
Uns encalhavam em alguma pedra na margem da rua
outros caiam na boca-de-lobo
e de lá, por conta própria, seguiam viagem
levando meus sonhos por todos os rios e mares
e  perdiam a rota do retorno.

(Alcinéa Cavalcante)

O fim do mundo

O fim do mundo
 
Quando disseram
que o mundo ia acabar
Tia Lila pegou seu terço
e pôs-se a rezar.
 
O dono da venda
dividiu toda a mercadoria com seus funcionários
e distribuiu o dinheiro do caixa para os mendigos.
 
A recatada dona Clotilde
jogou-se aos pés do marido
e implorando perdão
confessou que o tinha traído com o compadre.
 
Seu Joaquim, um santo homem, ajoelhou-se no meio da rua
ergueu as mãos para o céu
e pediu perdão a Deus pelos assassinatos que cometeu
como matador de aluguel.
 
No dia seguinte
o dono da venda pedia esmolas,
a recatada Clotilde, expulsa de casa,
foi morar num velho puteiro,
Seu Joaquim foi preso.
 
Só Tia Lila continuou do mesmo jeito.
De terço na mão continuou rezando
e entre uma oração e outra murmurava:
– É mesmo o fim do mundo
– Dona Clotilde, hein, quem diria?
– Seu Joaquim com aquela cara de santo, hein!
É o fim do mundo!
É o fim do mundo!
(Alcinéa Cavalcante)

Olha eu aí


Olha eu aí em antologia francesa. A obra foi lançada no Museu do Louvre (Paris) e no Museu do Perfume (Marrakech).
Recebi hoje alguns exemplares. Estou muito feliz e divido com vocês essa felicidade.

Esta não é a primeira vez que meus escritos são publicados em antologias da França e de outros países. Já faz um tempinho que caminho ultrapassando fronteiras.
E agradeço a todos que sempre me incentivaram nessa caminhada.

Um dia por aí

Na escadaria do Bixiga, tradicional bairro italiano de São Paulo
Construída na década de 1930, esta escadaria – que é um dos pontos turísticos e históricos de Sampa –  une a parte baixa do bairro à alta , na Rua dos Ingleses, dando acesso por um lado ao Museu dos Óculos, Museu Memória do Bixiga e Teatro Ruth Escobar, e do outro às famosas cantinas italianas e feira de antiguidades. 
A escadaria tem 84 degraus e 16m de altura e já foi palco de várias novelas,  filmes e peças publicitárias.
A foto foi feita pela mana Alcilene certo dia quando exploramos a pé este bairro tão apaixonante, cultural e boêmio, cheio de teatros, cantinas, museus, casarões, sobrados e casinhas que parecem  aquelas de contos de fadas.
Rezamos na  Basílica de N.S. do Carmo e na Paróquia de N.S. Achiropita  e andamos pelas ruas que guardam os passos de Adoniran Barbosa e vimos os bares que ele frequentava.

O fim do mundo

O fim do mundo
 
Quando disseram
que o mundo ia acabar
Tia Lila pegou seu terço
e pôs-se a rezar.
 
O dono da venda
dividiu toda a mercadoria com seus funcionários
e distribuiu o dinheiro do caixa para os mendigos.
 
A recatada dona Clotilde
jogou-se aos pés do marido
e implorando perdão
confessou que o tinha traído com o compadre.
 
Seu Joaquim, um santo homem, ajoelhou-se no meio da rua
ergueu as mãos para o céu
e pediu perdão a Deus pelos assassinatos que cometeu
como matador de aluguel.
 
No dia seguinte
o dono da venda pedia esmolas,
a recatada Clotilde, expulsa de casa,
foi morar num velho puteiro,
Seu Joaquim foi preso.
 
Só Tia Lila continuou do mesmo jeito.
De terço na mão continuou rezando
e entre uma oração e outra murmurava:
– É mesmo o fim do mundo
– Dona Clotilde, hein, quem diria?
– Seu Joaquim com aquela cara de santo, hein!
É o fim do mundo!
É o fim do mundo!
(Alcinéa Cavalcante)

Eu, professora

“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”
(Cora Coralina)

Eu e meus alunos no laboratório da Escola Integrada de Macapá. Faz tempoooo

Me formei com 21 anos, portanto, bastante jovem eu já estava na sala de aula e nos laboratórios da Escola Integrada de Macapá (antigo GM) dando aulas de Tecnologia Mecânica, Desenho Técnico e Fabricação Mecânica (o que me permitiria aposentadoria aos 46 anos de idade). Conciliava o jornalismo e o magistério. Jornalismo eu fazia nas horas vagas, pois o magistério era a minha prioridade, minha paixão. Lecionei durante muitos anos com dedicação e amor e tive meu trabalho reconhecido. Todos os anos, fosse qual fosse o diretor, recebia portaria de elogio da direção da escola pelo meu desempenho e até da Câmara de Vereadores recebi  diploma de “Honra ao Mérito” pela “grande contribuição dada à educação amapaense”. Foram anos inesquecíveis dos quais tenho lindas lembranças. As amizades que fiz permanecem até hoje. Meus alunos eram mais que alunos. Fiz deles meu amigos.
Por eles até hoje tenho imenso carinho e afeto. De vez em quando encontro alguns deles por aí e vocês nem imaginam a felicidade que toma conta de mim quando recebo o abraço deles, o carinho e me chamam com orgulho de “minha professora”.
Neste dia, dedicado ao professor, parabenizo todos os professores amapaenses e registro aqui minha gratidão a todos meus professores (desde o jardim da infância aos cursos de pós-graduação) e aos meus queridos ex-alunos.

Professoras Mineko, Delzuite Cavalcante (minha mãe) e Ana Alves