Retrato em preto e branco

A foto é dos anos 60. No salão da Piscina Territorial, provavelmente numa manhã de domingo, Baião Caçula, Benedito Andrade, Agostinho Souza, José Maria de Barros, Ruy Campos e Pedro Silveira. Na época todos trabalhavam na Rádio Difusora de Macapá – a ZYE-2.
(Foto: arquivo do jornalista João Silva)

Coronavírus – 42 jornalistas testam positivo no Amapá

Na tarde deste sábado, 23, o Governo do Estado realizou uma ação voltada para a categoria da comunicação amapaense disponibilizando 300 testes rápidos, na sede da Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS).
O superintendente da vigilância estadual, Dorinaldo Malafaia,  disse que essa ação é muito importante porque  os profissionais da comunicação, na cobertura da pandemia, percorrem  hospitais e unidades de saúde – que são locais considerados de risco -, entrevistam  pessoas que tem contatos com infectados, como os profissionais da saúde, e algumas vezes até os chamados casos suspeitos ou assintomáticos.
190 jornalistas de rádio, TV, impresso e digital, submeteram-se ao teste e destes 42 testaram positivo para covid-19.  A equipe de vigilância em saúde logo deu a eles as primeiras orientações em relação aos cuidados com a saúde e com a necessidade de isolamento social.

Hora de reler – “Cale a boca, jornalista!”

Lançado na década de 1980, trata dos ataques sofridos pelos jornalistas desde a época imperial ao regime militar.
O título do livro lembra um episódio de 1983 quando o general Newton Cruz, chefe do SNI, irritado com uma pergunta do repórter Honório Dantas, disparou: “Cala a boca!”
Hoje, com 92 anos, Fernando Jorge ainda se impressiona com os ataques aos jornalistas, principalmente os deferidos por Bolsonaro “que prega o ódio contra a imprensa”.
Embora já tenha saído várias edições atualizadas do “Cale a boca, jornalista”, Fernando Jorge diz que os ataques de Bolsonaro aos jornalistas tornaram sua obra incompleta e que é preciso sair mais uma edição atualizada, com um extenso capítulo  intitulado “Cale a boca, Bolsonaro”.

Este meu exemplar – que é a primeira edição –  já está bem velhinho, muito manuseado, mas não me desfaço dele. Comprei-o em 1987, na Livraria Jinkings, em Belém.

Homenagem do prefeito de Macapá aos jornalistas

Neste momento em que a saúde da população está em jogo, o jornalismo profissional se fez, mais do que nunca, urgente e necessário. O fato, a análise e a opinião ganharam força com milhões de pessoas em casa. É neste período de incertezas e, infelizmente, Fake News que a sociedade se volta para a imprensa profissional em busca de respostas, conteúdo completo, diversificado e para todos.

O conforto, a preocupação e o cuidado vêm pelas mãos de quem tem compromisso com a verdade. “Sem o trabalho do jornalista não há notícia confiável, e sem uma fonte credenciada não há informação segura”. Estamos unidos pela informação e pela responsabilidade.
Obrigado pelo seu trabalho e dedicação.
Feliz dia do jornalista!

Dia do Jornalista – É sempre bom lembrar que:

A ética deve acompanhar sempre o jornalismo, como o zumbido acompanha o besouro.” (Gabriel Garcia Marquez)

O jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter.”
(Cláudio Abramo)

Jornalismo é investigação sempre – quer ele resulte na renúncia de um presidente da República ou no fechamento de um buraco de rua que atrapalha o trânsito.” (Ricardo Noblat, no livro “Jornalismo é…”)

O bem mais precioso na vida de um jornalista não é o seu emprego, mas a sua credibilidade”
(Eugênio Bucci, in “Sobre Ética e Imprensa”, Editora Cia das Letras)

“O jornalista é um servidor público, não um político.” (James Linde)

Imprensa sofre 9 mil ataques diários nas redes sociais. É o que mostra relatório da Abert divulgado hoje

Em 2019, a imprensa brasileira sofreu quase 11 mil ataques diários pelas redes sociais, o que representa, em média, 7 agressões por minuto. Os dados estão no Relatório ABERT sobre Violações à Liberdade de Expressão, lançado pelo presidente da Associação, Paulo Tonet Camargo, nesta quarta-feira (11), em Brasília.
“O ano de 2019 foi preocupante. No futuro, olharemos para ele como um ano atípico, de ódio, incompreensão, uma falta de avaliação serena dos fatos. Isso revela uma incompreensão com o papel que os jornais e os jornalistas exercem na imprensa brasileira”, afirmou Tonet.

Na edição deste ano, pela primeira vez, o relatório trouxe um capítulo sobre os ataques virtuais sofridos pelo jornalismo profissional.

De acordo com estudo encomendado pela ABERT à Bites, empresa de consultoria que faz o monitoramento do universo digital, em 2019, os 130 milhões de brasileiros com acesso à internet produziram 6,2 bilhões de posts no Twitter.
Desse volume, 39,2 milhões trouxeram conteúdos com a combinação das palavras “mídia”, “imprensa”, “jornalista” e “jornalismo”.
Desse total, 3,2 milhões de posts (10%) foram produzidos por perfis e sites mais conservadores com palavras de baixo calão ou expressões que tentam desacreditar o trabalho da imprensa. O número mostra que a mídia profissional sofreu 9 mil ataques diários, uma média de 6 ataques por minuto.

714 mil tweets foram produzidos pela esquerda, o que representa 1,9 mil ataques diários, ou 1,3 agressão por minuto.
A soma dos ataques com viés ideológico é de cerca de 4 milhões de postagens negativas, ou 10% de tudo o que foi produzido em 2019 sobre a área de comunicação profissional no Brasil.
No Poder Legislativo, as legendas PSL e PT, da Câmara dos Deputados, lideraram as postagens sobre a mídia em 2019.
Do total de 4.506 posts, 1.575 foram do PSL e 1.156 do PT.
“Os indicadores revelam que a ação contra a mídia não está restrita a um universo particular de apoiadores da direita ou da esquerda política, mas àqueles que não aceitam o contraditório”, afirma a Bites.
Número de violência não letal tem redução de 50%

O Relatório da ABERT registrou ainda 56 casos de violência não-letal, que envolveram pelo menos 78 profissionais e veículos de comunicação.
Em relação a 2018, houve uma redução de 50,87% no número de casos e de 52,72% no número de vítimas. A redução é positiva, porém não significa que houve uma melhora na percepção sobre a importância do trabalho da imprensa.
As agressões físicas, que vão desde socos e pontapés a disparos de bala de borracha, continuam sendo a principal forma de violência não-letal: foram 24 casos relatados (42,85% do total) em 2019, envolvendo pelos menos 30 jornalistas. Os principais alvos foram os profissionais de rádio e TV do sexo masculino. A Região Sudeste registrou o maior número de ocorrências.

Os autores das agressões foram, principalmente, os políticos ou ocupantes de cargos públicos. Em seguida, estão jogadores, torcedores e técnicos nas coberturas esportivas.
As ofensas vêm em seguida, com 8 casos, envolvendo 10 vítimas, e respondem por 14,28% do total. O número nem sempre representa a realidade, já que muitos casos não são relatados ou são minimizados por parte das vítimas. Em 2019, os profissionais de jornal foram os principais alvos de políticos ou ocupantes de cargos públicos.

Os casos de intimidação, ameaça, assédio sexual, ataques/vandalismo e roubos/furtos também tiveram queda, enquanto os de censura, detenção e injúria racial tiveram aumento nos registros.
Pela primeira vez desde 2012, quando a ABERT passou a monitorar os casos de violações à liberdade de expressão, houve um registro, de forma presencial, de injúria racial, crime inafiançável que deve ser punido com todo rigor. Outras situações ocorreram por meio de ataques em redes sociais.

Também as decisões judiciais estão registradas no Relatório ABERT sobre Violações à Liberdade de Expressão, mas não estão contabilizadas como violência não-letal. Em 2019, houve um aumento de 15,38% em relação ao ano anterior. Os pedidos de indenização representaram a maioria das decisões judiciais; em seguida, estão os pedidos de retirada do ar de informações e matérias jornalísticas.
O Relatório da ABERT cita ainda os casos de dois jornalistas assassinados em Maricá (RJ), em menos de um mês, mas os registros não foram contabilizados, pois a Polícia de Niterói não confirma se os crimes estão relacionados à atividade profissional.

O BRASIL NO MUNDO
O Brasil continua apresentando um cenário preocupante para o exercício do jornalismo e nem mesmo a redução no número de mortes e violência não-letal fez com que o país fosse retirado das listas mundiais de nações perigosas para a profissão.
De acordo com a ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF), entre 180 países avaliados, o Brasil figura na posição 105 no ranking de liberdade de imprensa.
Já o Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ) coloca o Brasil na nona posição na lista dos países que possuem mais crimes contra jornalistas sem solução.

Para acessar o documento na íntegra, clique AQUI

(Fonte: Portal da Abert)

FENAJ denuncia agressões a Vera Magalhães e escalada autoritária do governo Bolsonaro

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) alerta a sociedade, mais uma vez, para a sanha totalitária do governo de Jair Bolsonaro, que ganhou novo episódio nesta semana. Além de seguirem protagonizando e incentivando ataques às instituições democráticas, o presidente e sua equipe buscam a todo momento atacar os jornalistas e o Jornalismo feito no País.

São inadmissíveis as contínuas e sistemáticas agressões aos profissionais da imprensa, por simplesmente fazerem seu trabalho. Bolsonaro, seus filhos, ministros e parlamentares incentivam a perseguição aos jornalistas. A mais recente vítima foi Vera Magalhães, colunista do jornal O Estado de S. Paulo, após divulgar a notícia de que o presidente havia repassado por WhatsApp um vídeo que convocava para uma manifestação nacional contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.

A notícia foi publicada na noite de terça-feira de Carnaval, dia 25, e depois disso a jornalista sofreu uma série de calúnias, feitas por anônimos, grupos organizados e parlamentares. O Movimento Avança Brasil publicou uma montagem grosseira, com uma falsa troca de mensagens entre Vera e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sugerindo um acordo entre ambos para repercutir a notícia. Houve ainda fraude sobre os prints divulgados pela jornalista, manipulados para derrubar a credibilidade da profissional.

Vera também foi atacada por aliados de Bolsonaro, como a deputada federal Alê Silva, do PSL de Minas Gerais, que via twitter repetiu contra a jornalista as agressões misóginas e machistas do presidente contra a repórter Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo. O deputado federal Eduardo Bolsonaro, do PSL paulista, filho do presidente, resgatou tweet antigo de Vera, incitando seus seguidores a atacarem a jornalista. A colunista de O Estado de S. Paulo também foi vítima da exposição de informações sobre seus filhos, e no twitter a hashtag #VeraFakeNews esteve entre as mais citadas na quarta-feira, dia 26, em um sinal de ataque coordenado com impulsionamento feito por robôs.

Na esteira dessa escalada autoritária, o jornalista Felipe Betim, do El País Brasil, foi ameaçado na noite desta quarta, dia 26, pelo deputado Daniel Silveira, do PSL-RJ. Pelo twitter, o repórter chamou atenção para uma postagem do parlamentar que sugeria ao Congresso Nacional não subestimar os “homens de botões dourados”, uma referência aos generais das Forças Armadas. O deputado, que é ex-PM, acrescenta na postagem que aos comunistas, “o método é menos ortodoxo que o do politicamente correto que os deixou tão imbecis”. Ao tweet do jornalista que replicou essa postagem, o deputado respondeu “Exatamente! É este o resultado! O terror de idiotas comunistas feito você. Não gostou? Já sabe”, em uma clara tentativa de intimidar o profissional.

A FENAJ reitera que o ambiente democrático vem sendo corrompido no País, e os ataques a jornalistas e à imprensa são mais uma expressão do avanço de ideias e práticas totalitárias. Os ataques à democracia são incentivados pelo próprio presidente da República, que afronta a Constituição que deveria obedecer. Nunca foi segredo a admiração de Jair Bolsonaro pela ditadura militar que sufocou liberdades, censurou a imprensa, torturou e matou, inclusive jornalistas como Vladimir Herzog, assassinado brutal e covardemente em aparato da repressão militar, em 1975.

Diante dos fatos, nos solidarizamos com os jornalistas atacados e nos juntamos aos movimentos sindical e popular, às entidades da sociedade civil, organizações político-partidárias e órgãos públicos que zelam pela democracia, no sentido de buscar as ações cabíveis em defesa das liberdades democráticas, para interromper qualquer tentativa de golpe de Estado. Já se acumulam episódios em que o presidente Jair Bolsonaro fere o decoro do cargo e comete crime de responsabilidade. As instituições da República, em especial o Poder Legislativo e os partidos políticos que o integram, precisam agir de acordo com a Constituição brasileira para que a Presidência, uma das instituições republicanas, volte a ser exercida com decência, dignidade e respeito ao povo brasileiro.

Brasília, 27 de fevereiro de 2020.
Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ.