Emoção e bom humor marcam o Prêmio Comunique-se 2019

A super premiada Eliane Brum, articulista do El País Brasil, foi a vencedora na categoria Nacional

“Jornalistas, os Viajantes do Tempo”. Sob esse mote, o Prêmio Comunique-se 2019 foi realizado na noite desta terça-feira, 5, em São Paulo. Realizada na casa de shows Tom Brasil, a cerimônia contou com momentos de emoção, como na homenagem póstuma a Ricardo Boechat. Comoção entre alguns dos 26 ganhadores da vez, que se emocionaram ao subir ao palco. Mas também teve bom humor, no roteiro idealizado pelos comediantes Bruno Motta, Dudu Guimarães, Osmar Campbell e Rominho Braga. Foi a estreia do quarteto à frente do texto do evento, que, com pegada cômica, viu mais duas estrelas da imprensa ingressarem na galeria de “Mestres do Jornalismo”: Sandra Annenberg (‘Âncora de TV’) e Guga Chacra (‘Repórter Internacional’).

(Leia a matéria completa no Portal Comunique-se clicando aqui)

Rumo: a revista que projetou o Amapá

Hoje, Dia Nacional da Cultura, é de dia lembrar que há 62 anos (novembro de 1957) foi lançada em Macapá a revista Rumo , a realização de um sonho de poetas, intelectuais e jornalistas amapaenses. Totalmente produzida no Amapá, a Rumo circulou em todo o Brasil e contava com correspondentes em vários estados. Era uma revista mensal e foi fundada por Ivo Torres, Alcy Araújo, Arthur Nery Marinho,Vilma Torres, Aluízio da Cunha, entre outros.

Considerada uma publicação de alta qualidade, foi identificada por críticos literários e renomados jornalistas como um veículo de comunicação dos mais importantes do país.

O primeiro número, que circulou em novembro de 1957, mostrava a participação do Amapá pela primeira vez em um Congresso Nacional de Jornalistas. Foi o VII Congresso, realizado em setembro daquele ano marcando o cinqüentenário da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). E o Amapá foi representado por Alcy Araújo.

O jornalista aproveitou a viagem para conhecer Brasília “e os trabalhos que se realizam no Planalto goiano para a instalação da futura capital do país“. Isto rendeu a matéria “Brasília – obra de saneadores, artistas e poetas”, tendo como subtítulo “Pioneirismo e técnica moderna erguem a cidade do futuro – Uma visita aos verdes altiplanos de Goiás”.

Uma matéria assinada por John H. Newman abordava a cultura da seringueira no Amapá, enquanto Paul Ledoux escrevia sobre agricultura, silvicultura e pecuária, e Amaury Farias sobre latifúndio; “A música no Território Federal do Amapá” era também destaque na primeira edição da Rumo, com matéria assinada por Mavil Serret, o pseudônimo de Vilma Torres.

Esta edição trazia também poemas de Fernando Pessoa, uma página de ciências, uma de economia e finanças, contos de Guy de Maupassant e de Almeida Fischer. Noticiava a morte do escritor José Lins do Rêgo, falava de teatro, de educação e traçava um perfil histórico de Macapá.

A revista – que trazia artigos e reportagens enfocando os mais importantes movimentos artísticos e culturais do Amapá, do Brasil e do exterior – inseriu a cultura amapaense no contexto nacional. Suas páginas recheadas de teatro, música, folclore, sabedoria popular, eram freqüentadas por ícones da época.
Por sua envergadura, a Rumo chegou a ter projeção internacional. “A Rumo conduz e explica o Amapá“, escreveu o ensaísta Osório Nunes. Uma crítica publicada no suplemento literário do jornal Diário de Minas, em outubro de 1958, assim se expressou sobre a revista: “Encontramos suas raízes na Semana de Arte Moderna. A sua vida constitui um resultado de descentralização cultural que houve a partir daquela data e que cada vez se acentua. Se fôssemos um Carlos Drummond, Mário de Andrade, um Vinícius de Morais ou Aníbal Machado, nada nos alegraria mais do que nos saber lido lá pelos confins do Brasil, no Amapá.”

Num tempo em que livros eram praticamente instrumentos de uma pequena elite, o jornalismo passou a ser utilizado como uma forma de intervenção social. Naquele momento o jornalismo tinha mais importância do que a literatura, porque ajudou a criar o impacto para despertar a sociedade mexendo com as pessoas. Para haver literatura era preciso um conjunto de coisas funcionando a um só tempo: crítica literária, leitores, debate, produção de livros, escolas… como um conjunto de elementos articulados. Daí a necessidade e a pertinência da revista Rumo, responsável pela articulação de todo um movimento que se consolidou com a projeção da obra intelectual do grupo de escritores amapaenses para além das fronteiras do Amapá.

A promoção do debate levou a revista a criar outros mecanismos de apoio à produção literária. E assim nasceu a Editora Rumo, que viria a publicar em 1960 a antologia Modernos Poetas do Amapá, o livro Quem explorou quem no contrato do manganês do Amapá, de Álvaro da Cunha (1962), e Autogeografia, livro de poesias e crônicas de Alcy Araújo (1965). A revista Rumo também deu origem ao Clube de Arte Rumo, que reunia poetas, pintores, músicos e artistas de teatro para discutir o que se fazia no Amapá e no Brasil no campo da literatura, da música e das artes cênicas e plásticas. Ao mesmo tempo em que promovia saraus e concursos de crônicas e poesias na busca de novos talentos .

Elton Tavares por Elton Tavares

“Nunca fui sonhador de só esperar algo acontecer. Sou de fazer acontecer. Não sou e nunca serei anjo. Não procuro confusão, mas não corro dela, nunca!

Nunca fui de pedir autorização pra nada, nem pra família, nem pra amigos. No máximo para chefes, mas só na vida profissional.

Nunca fui estudioso, mas me dei melhor que muitos “super safos” que conheci no colégio. Nunca fui prego, talvez um pouco besta na adolescência.

Nunca fui safado, cagueta ou traíra, mesmo que alguns se esforcem em me pintar com essas cores.

Nunca fui metido a merda, boçal ou elitista, só não gosto de música ruim, pessoas idiotas (sejam elas pobres ou ricas) e reuniões com falsa brodagem.

Nunca fui “pegador”, nem quis. É verdade que tive vários relacionamentos, mas cada um a seu tempo. Nunca fui puxa-saco ou efusivo, somente defendi os locais por onde passei, com o devido respeito para com colegas e superiores.

Nunca fui exemplo. Também nunca quis ser. Nunca fui sonso, falso ou hipócrita, quem me conhece sabe.

Nunca fui calmo, tranquilo ou sereno. Só que também nunca fui covarde, injusto ou traiçoeiro.

Nunca fui só mais um. Sempre marquei presença e, em muitas vezes, fiz a diferença. A verdade é que nunca fui convencional, daqueles que fazem sentido. E quer saber, gosto e me orgulho disso. E quem convive comigo sabe disso.”

(Elton Tavares é competente jornalista, chefe da assessoria de comunicação do Ministério Público, editor do bombado blog DeRocha e, claro, meu amigo muito querido)

Memórias da imprensa – O jornal Folha do Povo

Fundado em 1963 por Elfredo Távora e Amaury Farias, entre outros jornalistas, a Folha do Povo era um jornal semanal de oposição ao governo. Por causa disso seus jornalistas foram presos várias vezes.

Funcionava na avenida Mário Cruz. A foto registra uma das interdições do jornal, após o golpe de 1964. Um policial na porta principal impede a entrada e saída de qualquer pessoa. Neste dia quando Amaury Farias chegou ao jornal já estava lá à sua espera o delegado José Alves e um escrivão de polícia para prendê-lo.

Disse-lhe o delegado: “Amaury, na ausência do Elfredo (Elfredo Távora, editor-chefe do jornal, estava em Belém) tu és o responsável pelo jornal como redator-chefe, e aqui estamos por ordem do governador para te prender e fazer intervenção no jornal porque aqui funciona uma célula comunista.”

E lá foi o Amaury Farias preso mais uma vez. Ele e José Araguarino Mont’Alverne – que era um excelente repórter.

Liberdade de expressão – Projeto de Lucas Barreto dispõe sobre a anistia de multas eleitorais aplicadas a jornalistas, blogs e empresas de comunicação

Projeto de Lei n° 2989, do senador Lucas Barreto (PSD-AP), dispõe sobre a anistia de multas eleitorais aplicadas a jornalistas, editores de blog e empresas de comunicação.

Em sua justificativa, Barreto ressalta que a  maior expressão da democracia é a liberdade de expressão e da imprensa, que somente foi consolidada no Brasil a partir da Constituição de 1988. Assim, assegurar a liberdade de expressão constitui-se requisito indispensável à fruição das demais liberdades fundamentais.

Ele lembra que ao longo dos anos,muitos jornalistas, editores de blogs e pessoas jurídicas que exercem atividades de comunicação social sofreram condenações pela Justiça Eleitoral, em razão do livre exercício da atividade, sendo mais comum durante os pleitos eleitorais. As razões são várias, mas o fundamento sempre está relacionado ao exercício da liberdade de expressão.

“As absurdas multas eleitorais aplicadas transformam-se em verdadeiros estorvos para essas pessoas, que com raríssimas exceções conseguem pagar, convolando-se, na maioria das vezes, em intermináveis processos executórios, que servem apenas para constranger pessoas e pequenas empresas, inviabilizando, em alguns casos, a própria vida privada de jornalistas , especialmente pelas restrições que as execuções fiscais impõem aos executados.”, diz o senador.

Lucas Barreto diz que ao longo dos anos o Congresso Nacional vem anistiando partidos e pessoas que de alguma forma sofreram sanções eleitorais, minimizando, na maioria das vezes, o alcance da norma eleitoral. “Não é razoável que seja o jornalista, no livre exercício da sua atividade, constrangido ao pagamento de multa”, enfatiza

Para se ter uma ideia só no Amapá, em 2006, mais de dez jornalistas foram multados por conta de ações  movidas pelo então senador José Sarney. Foram aplicadas multas impagáveis tornando a vida desses jornalistas um inferno, pois acabaram tendo penhorados seus bens, seus nomes foram incluídos no Cadin e com isso perderam seus cartões de créditos, não podem fazer empréstimos, não podem ter bens e até suas contas foram bloqueadas.

O projeto está na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (Secretaria de Apoio à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania)

Leia aqui a íntegra do projeto

Relatório aponta aumento de graves violações à liberdade de expressão

A Artigo 19 lança segunda-feira, 6, seu sétimo relatório anual “Violações à liberdade de expressão”, que compila e analisa as graves violações contra comunicadores registradas e apuradas pela organização em 2018 no Brasil. Foram registrados ao todo 35 casos de graves violações, sendo 26 ameaças de morte, quatro homicídios, quatro tentativas de homicídio e um sequestro. Comparados ao ano anterior, em que a organização registrou um total de total de 27 casos, os números evidenciam um aumento de cerca de 30% nas graves violações.

Quem cometeu as violações?

No Brasil, agentes do Estado, na figura de políticos, policiais e agentes públicos, são os principais autores de violações contra comunicadores: responderam por 18 violações (51%) em 2018.

A principal motivação segue sendo a realização de denúncias, o que se nota em 26 dos casos apurados (74%). Em sete casos (20%), os ataques ocorreram a partir de críticas ou opiniões feitas pelo comunicador. Já em outros dois casos (6%) foram processos de investigação que motivaram as violações.

“Os casos de graves violações em 2018 demonstram dois aspectos do cenário de violência. Primeiro, se reforçam as tendências históricas de ataques de pessoas poderosas, especialmente políticos, contra comunicadores em cidades pequenas que realizam denúncias contra ações realizadas por essas pessoas. Em segundo lugar, fica evidente um cenário que já vinha se desenhando nos últimos anos: os ataques online contra comunicadores têm se intensificado e impactado a vida e o trabalho de comunicadores inclusive fora da esfera virtual, de modo que novos desafios no enfrentamento da violência são colocados”, afirma Thiago Firbida, assessor de Proteção e Segurança da ARTIGO 19 e responsável pelo relatório.

A publicação destaca que as violações feitas online tiveram um papel significativo em 2018 e traz pela primeira vez uma análise do papel do ambiente digital no contexto das eleições do ano passado, considerado um marco de um cenário de violações que vem ganhando evidência mais recentemente. Ao todo, foram registrados 11 casos em que alguma ferramenta online serviu de meio para a veiculação de ameaça de morte, como aplicativos de mensagens, mídias sociais ou e-mails.

Baixe o relatório

Passaralho na TV Amapá

A TV Amapá – afiliada da Rede Globo no Amapá – deu inicio hoje a demissão em massa de profissionais.
Além de Elainne Juarez, que há 13 anos apresentava o Jornal do Amapá, jornal televisivo de maior audiência, foram demitidos também um cinegrafista, uma editora e uma produtora, conforme informou agora à noite o jornalista Paulo Silva em sua conta no twitter. Segundo ele tem mais profissionais na lista de demissão.

Passaralho =  Jargão jornalístico  para as demissões em massa nos meios de comunicação.

O direito à liberdade de opinião e expressão

“Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”.

(Artigo 19 da “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, proclamada pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948)