Macapá 257 anos – Lembras das tardes de domingo?

Rua_Mario_Cruz-21Lembras quando a gente andava por esta ruazinha nas tardes de domingo?

Depois de assistir a segunda sessão no Cine João XXIII, a turma rumava para a frente da cidade – passando pela avenida Mário Cruz – para passear no trapiche e depois tomar sorvete, servido em taça pelo famoso garçom Inácio, no Macapá Hotel.

Domingo sem cinema, passeio no trapiche e sorvete, não era domingo.

Já não existem o Cine João XXIII e a sorveteria do Macapá Hotel com mesas ao ar livre.

O trapiche encurtou, morreu o bom e velho Inácio, contador de causos e histórias, que servia com a mesma elegância e simpatia tanto o peão como os presidentes da República e ministros que visitaram Macapá naquela época.

Especial Macapá – Quando o aeroporto era na Av. FAB

Macapa4-Fab1Essa avenida larga, tida como a principal de Macapá, por onde passam todos os ônibus e onde ficam escolas, secretarias de governo, hospitais, tribunais, Assembleia Legislativa, Câmara de Vereadores e Prefeitura, foi o primeiro campo de aviação de Macapá. Por isso quando virou avenida recebeu o nome de Avenida FAB (Força Aérea Brasileira). Aí  pousavam todos os aviões que chegavam em Macapá e daí decolavam.

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Aeronave DC-3 da Cruzeiro do Sul

O saudoso advogado Adelmo Caxias contava que o check-in era numa casinha e quando o avião da Cruzeiro partia, virava um verdadeiro muro das lamentações de tanta choradeira dos parentes de quem viajava.

O José Ribamar Pessoa trabalhou neste aeroporto da avenida Fab. Ele contou ao blog que não havia cerca, muro, nada que impedisse que as pessoas chegassem bem pertinho do avião para receber quem estava chegando ou se despedir de quem estava partindo.

O Lindoval Souza, que trabalhou na Cruzeiro do Sul como despachante de voo, dizia que os estudantes iam a pé para o aeroporto dar as boas vindas quando chegava alguma autoridade federal ou o Cel. Janary Nunes, governador do Território do Amapá.

bispo-113x150O poeta Manoel Bispo – que chegou gitinho em Macapá – conta que  quando a molecada ouvia o barulho do avião corria pro “aeroporto” vislumbrando ganhar uma grana pra comprar gibis, picolés e garantir o da matinê do cinema.
É que naquela época não existia táxi em Macapá e quase nenhum carro particular (ônibus nem pensar). A pessoa chegava, descia do avião e ia a pé pra casa. É aí que a molecada entrava. Se aproximava do passageiro e oferecia o serviço: carregar a maleta, do aeroporto até a casa. “O ‘carreto’ mais longo que fiz com uma mala na cabeça foi do aeroporto pro bairro do Trem. A maleta era daquelas de madeira, mas me rendeu um bom dinheirinho”, me disse o poeta certa tarde.

celsoUm dia conversando com o Celso Façanha ele lembrou  dos seus tempos de moleque e disse que uma vez viu “com esses olhos que a terra há de comer” um avião quase entrar num prédio ali por perto de onde é hoje a Escola Integrada.
– Era um dia de chuva, a pista tava um lamaçal, o avião aterrissou mas não conseguiu parar logo. Foi indo, indo, indo…  e só conseguiu  parar ali perto do GM, quase que entra no prédio onde era o Irda. Quando a porta  abriu  o primeiro passageiro a descer foi o Pernambuco, um açougueiro brabo. Ele desceu reclamando: “Pô, esse cara (piloto) podia ter logo me deixado em casa.”
Cópia-de-Professoras-Raimunda-Façanha-e-Delzuite-CavalcanteMinha mãe, a professora Delzuite Cavalcante, contava que, sentada no pátio da nossa casa, via os pousos e decolagens.
Era ali, dizia apontando com o dedo, o campo de aviação e daqui a gente via tudo.”
E minha avó completava: o avião passava aqui na ilharga.”

Macapá 257 anos – Lembras…

cinedo cine João XXIII?

Ah, as famosas sessões de domingo à tarde, onde a gente se divertia com Carlitos, se empolgava com o Zorro e chorava com a Paixão de Cristo.

A entrada era pela Rua São José (depois aí funcionou uma papelaria) e a saída pelo Largo dos Inocentes, bem atrás da Igreja de São José.

A turma toda se encontrava no cinema. Os meninos levavam aquele monte de revistas embaixo do braço pra trocar na fila.

Depois do filme, um passeio no trapiche, um sorvete na taça na sorveteria do Macapá Hotel.

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E do Cine-Teatro Territorial, lembras?

cine-territorialFicava no mesmo terreno da escola Barão do Rio Branco. Foi aí que aconteceu o primeiro Festival Amapaense da Canção (a música vencedora foi Canção Anti-Muro, de Alcy Araújo e Nonato Leal, interpretada por Célia Mont’Alverne).
No palco deste teatro se apresentaram grandes orquestras, famosos cantores e excelentes peças teatrais.
Era usado também para os programas de auditório da Rádio Difusora de Macapá. Também era um espaço muito bem aproveitado pelas escolas para realização de programações culturais.Quando criança integrei o grupo de teatro infantil da professora Aracy Mont’Alverne e tive o privilégio de me apresentar neste palco.
No palco do Cine Teatro Territorial brilharam cantores e músicos como Nonato Leal, Humberto Moreira, Aymorezinho, Sebastião Mont’Alverne, entre outros.

Macapá do meu coração! Por Ray Cunha

raycunhaMacapá do meu coração!
Ray Cunha

Adelantado de Nueva Andaluzia, assim foram chamadas as terras tucujus, futura Macapá, por Carlos V de Espanha, em 1544, numa concessão ao navegador espanhol Francisco de Orellana. Macapá nasceu de um destacamento militar, instalado em 1738 na Praça São Sebastião, atual Veiga Cabral. Em 4 de fevereiro de 1758, o capitão-general do Estado do Grão-Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, fundava a Vila de São José de Macapá, e foram surgindo edificações, como a Fortaleza de São José de Macapá.

Amo muitas cidades. Cada uma delas marcou meu coração. Há, contudo, uma que me ilumina, pois é como uma mulher que desejamos por muito tempo e que de repente está diante de nós, nua, aos primeiros raios do sol de julho. Macapá emerge da boca do rio Amazonas avançando na Linha Imaginária do Equador, e quando a cidade nos engole, mergulhamos num mundo prenhe de jasmineiros que choram nas noites tórridas, merengue, a poesia azul da Alcinéa Maria Cavalcante, a casa do Fernando Canto, que recende ao Caribe de Gabriel García Márquez, mulheres cheirando a Chanel número 5 e maresia, o embalar de uma rede no rio da tarde, mapará com pirão de açaí, tacacá, Cerpinha.

Quando entro neste santuário, dispo-me de todas as feridas, e oferto rosas, pedras preciosas e luz, toda a minha riqueza, aos que eu amo, e te chamo, Macapá, de querida!

Sempre me perco em ti, e sempre de propósito, numa vertigem da qual só me recupero em Brasília, dias depois. As viagens que fazemos no coração são vertiginosas demais para a pobre física terrena. A casa da minha infância, cada palavra que garimpei em madrugadas eternas, cada gota de álcool com que encharquei meus nervos, cada mulher que amei nos meus trêmulos primeiros versos, cada busca do éter, nas noites alagadas de aguardente, os jardins da casa da Leila, no Igarapé das Mulheres, o Elesbão, a casa da Myrta Graciete, a casa do poeta Isnard Brandão Lima Filho, na Rua Mário Cruz, o Macapá Hotel, o Trapiche Eliezer Levy, estão para sempre no meu coração, que enterrei na Rua Iracema Carvão Nunes.

Macapá 257 anos – Shows na Beira-Rio

O Governo do Amapá comemora os 257 anos de Macapá com uma vasta programação que começa às 8h da manhã com hasteamento da Bandeira Nacional, execução do hino nacional pela banda da Polícia Militar e corte do bolo na frente da Rádio Difusora, emissora oficial do governo. Durante todo o dia, a programação da Difusora é voltada para o aniversário da cidade com shows de vários artistas e apresentação da escola de samba Maracatu da Favela.

A partir das 17h a festa será na beira-rio, na frente da Casa do Artesão.
Veja o que vai rolar  das 17h até às 2h da madrugada:

17h – Dj Jhon Silva, Dj 008, Dj Aroldo Jr.
19h – Patrícia Bastos
19h30 – Osmar Jr.
20h – Grupo Pilão
20h30 – Senzalas
21h – Nivito Guedes
21h30 – Enrico Di Miceli
22h – Brenda Melo
22h30 – Negro de Nós
23h – Clay San
23h30 – Banda Axé Maria
00h – Finéias Nelute
00h30 – Jô Massari
1h – Roberta Gato
1h30 – Rodolfo e Daniel

Macapá 257 anos – Na vazante da maré

Na vazante da maré, hoje cedinho, foi aberta a programação da Prefeitura de Macapá em comemoração ao aniversário da cidade com torneio de futelama.

Um espetáculo. Bola rolando na lama, dribles sensacionais e todo o talento de jovens que moram na orla e aproveitam para praticar  o esporte quando a maré “está seca.”

futilama(Foto: Prefeitura de Macapá)

E do outro lado da cidade, na Zona Norte, a programação é o Ceu das Artes. Pela manhã teve torneio de volei. À tarde tem contação de história e à noite (19h)  cinema na área externa.

E amanhã tem mais. Confira a programação aqui

Missa, marabaixo e banzeiro no aniversário de Macapá

Em comemoração aos 257 anos de Macapá, a Confraria Tucuju, o Projeto Banzeiro do Brilho-de-fogo e grupos de marabaixo, preparam um festejo com orações e muito marabaixo, na frente da Igreja São José.  A programação começa às 8h, com a Missa em Ação de Graças na antiga catedral, seguido do Encontro das Bandeiras, e depois sai o cortejo do Banzeiro do Brilho-de-Fogo, pelas ruas do centro da cidade até a praça Floriano Peixoto, onde estará acontecendo a pescaria, realizada pela Prefeitura de Macapá.

Missa em Ação de Graças
Às 8h as portas da Igreja São José estarão abertas para receber os fiéis com a celebração do padre Aldenor Bejamim, seguindo o ritual onde pioneiros entram carregando símbolos da cidade, como as bandeiras do estado do Amapá e do município de Macapá, a imagem do santo padroeiro e um cacho de bacaba. A cantora Juliele, o tenor Mauro Silva, o músico José Maria e a cantora Mayara confirmaram presença na entoação  dos cânticos.

Encontro das Bandeiras

leia1O cruzamento das bandeiras do marabaixo dos bairros Laguinho e da Favela simboliza a histórica saída dos negros que moravam no centro de Macapá, quando a cidade começou a se expandir  e os prédios e residências oficiais foram construídos. Na época, em 1943, os primeiros moradores de Macapá foram povoar os dois bairros. O Encontro das Bandeiras relembra a saída das famílias e marca o reencontro delas, tocando as caixas e cantando os ladrões de marabaixo, assim como saíram. Os grupos de marabaixo Berço do Marabaixo, Marabaixo do Laguinho, Artur Sacaca e Ancestrais confirmaram presença.

Cortejo do Banzeiro do Brilho-de-Fogo

leia2Após o Encontro das Bandeiras, mais de 100 batuqueiros do Banzeiro do Brilho-de-Fogo, mulheres que formam o Cordão das Açucenas e as crianças do Jardim do Banzeiro, fazem um grande arrastão cultural pelas ruas, cantando e tocando músicas regionais, fazendo pequenas paradas na frente da casa de pioneiros, chamando todos para a praça Floriano Peixoto, onde estará acontecendo a pescaria, atendimento social e de saúde.

“Estamos em parceria com o Banzeiro do Brilho-de-Fogo, que é um belo projeto de valorização, e com os grupos de marabaixo do Laguinho e Favela, formados por descendentes de pioneiros. No próximo ano voltamos com os festejos tradicionais que a Confraria e parceiros fazem há 18 anos”, disse a presidente da Confraria, Telma Duarte.

(Texto e fotos: Mariléia Maciel, assessora de comunicação da Confraria Tucuju)