Março – mês da poesia

Eu sou como a andorinha… Ergui meu voo
sobre as asas gentis da fantasia.
(Castro Alves)

Março é o mês da poesia. Dia 14 é o Dia Nacional da Poesia. A data foi escolhida para homenagear Castro Alves. Considerado um dos mais brilhantes poetas românticos, Antônio Frederico de Castro Alves, nasceu na cidade de Curralinho (hoje Castro Alves), em 14 de março de 1847.

Durante todo o mês de março, este blog vai homenagear os melhores poetas amapaenses desde a criação do Território Federal do Amapá aos dias de hoje.

ampa3aNão dá para falar em poesia amapaense sem citar a primeira antologia poética publicada nesta terra, da qual constam obras de Alcy Araújo, Álvaro da Cunha, Ivo Torres, Aluízio Cunha e Arthur Nery Marinho – os  primeiros poetas do Amapá, enquanto unidade socialmente e geograficamente definida. Eles vieram de uma fase revolucionária da arte literária do país – a escola Modernista.

ampa2xxVale lembrar que o pós Segunda Guerra Mundial gerou um contexto cultural efervescente em quase todas as partes do mundo. Os ares de liberdade e os sentimentos de paz embalados por um período de serenidade política, estimulavam a produção artística e intelectual. É nesse contexto que arregimentados pelo governo do Território para
compor o primeiro escalão Álvaro da Cunha, Aluizio da Cunha, Alcy Araújo, Arthur Nery Marinho e Ivo Torres se estabelecem em Macapá.

“Não se pode negar os esforços que fizeram os primeiros poetas, escritores e jornalistas
que aqui tentaram dinamizar a cultura e com isso chegando a influenciar muitos
dos que hoje estão numa posição de destaque dentro do Amapá”,
(Fernando Canto)

ampayAcostumados às atividades “cultas” da vida intelectual como o cinema, o teatro, a música, as letras e as artes plásticas, encontraram uma sociedade emergente ainda adormecida para estes aspectos,  tomaram então diversas iniciativas utilizando a própria burocracia do Estado para fomentar espetáculos e entretenimentos de massa disseminando a cultura na vida cotidiana dos novos amapaenses. A partir de então surgiram os ateliês de escultura e pintura, apresentações das mais diversas companhias teatrais, concertos, círculos folclóricos e as noites lítero-musicais, ao mesmo tempo em que começavam a surgir os primeiros recitais de poesias onde eram apresentadas a produção local.
No decorrer do mês, falaremos sobre cada um desses primeiros poetas do Amapá e a grande contribuição que deram não apenas à literatura, mas a todos os segmentos da arte no Amapá.
E, como dito lá em cima, jovens poetas também estarão em destaque neste blog neste mês da poesia. Afinal, o blog vai homenagear os melhores. São poetas de todas as idades e várias gerações.

Enquanto isso, fique com este recorte de jornal do lançamento da Antologia Modernos Poetas do Amapá em Belém

Moderno Poetas em Belémxx

Chá da tarde – Um poema de Alcy Araújo

LIRISMO
Alcy Araújo Cavalcante
(1924-1989)

Não,
eu não te darei um mal-me-quer.
Eu te darei
uma rosa de todo ano
e uma estrela
e uma lua branca
muito branca
um lírio
– porque os polichinelos ficaram inanimados
no bazar.

Depois
farei o poema do nosso primeiro beijo
recostarás tua cabeça no meu peito
e meus dedos compridos
acariciação os teus cabelos
e Deus saberá que nós estamos nos amando
porque haverá luz
e um grande silêncio
no pensamento das coisas.
(Do livro Autogeografia)

Macapá 257 anos – Um poema de Andreza Gil

andrezaMorena
Andreza Gil
Nasci ali no Igarapé das Mulheres.
Fui criada com a fartura do açaí e camarão.
Filha do Rio Amazonas,
Da sua água barrenta e benta abençoada pelo São José,
Que está na foz sempre protegendo a sua gente.

Minha mãe me criou ouvindo
As poesias de Osmar Junior,
A doce voz de Amadeu Cavalcante
E o samba da Boêmios do Laguinho.

Macapá, teu orgulho maior são teus
Filhos que te amam e cuidam,
Que te fazem viva no Marabaixo e no Batuque,
Dos giros das saias das tuas filhas morenas.

Minha Macapá, és a morena da
Poesia dos teus filhos poetas.
Teu encantamento é a inspiração
Que nele brota,
É o alimento que ele precisa
Para deixar tua história viva
Aos filhos que ainda virão para te conhecer.

Macapá 257 anos – Poetas comemoram na Praça

bocaaaDia 4 de fevereiro quando se comemora 257 de Macapá, os poetas vão estender o Pano da Poesia na Praça Veiga Cabral e comemorar a data com um café da manhã, declamação, distribuição de livros e de brindes poéticos, música, ciranda, bate-papo e muita alegria.
A praça será toda enfeitada com poemas sobre Macapá, de jovens e antigos poetas.
Será uma manhã cheia de lirismo e ternura em homenagem à “Cinderela do Norte”, tão bem retratada pela saudosa poetisa Aracy Mont’Alverne.
Além do Movimento Poesia na Boca da Noite, participam do evento poetas das coletâneas “Poetas do Meio do Mundo”, “Poetas na Linha Imaginária” e “Poetas na Boca da Rio”, esta última será lançada em fevereiro.
Todos os poetas e amantes da poesia estão convidados.
Para participar basta gostar de poesia e de Macapá. Leve seu poema, livros, brindes poéticos… enfim, o que você quiser para declamar, distribuir, enfeitar a praça e declarar todo seu amor por essa cidade.

Então, está combinado: dia 4 a partir das 8h30 da manhã na florida e poética Praça Veiga Cabral, antiga Praça da Matriz.

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Ganhei um poema

A professora, escritora e poeta Leacide Moura  viu esta minha foto no face e logo escreveu um poema e dedicou a mim.
nea1Eis o poema:

Contemplo tua imagem
sentada em teu banco de rio
em águas revoltas
teces poemas de vento e os joga ao ar
embalados nas ondas do mar
ganham meus ouvidos
a dizer-me coisas lindas
a encantar minha alma nos turbilhões de tuas palavras
apaixonar meu coração com as forças da pororoca!

E deixou este recadinho: Fiz para ti esse poema Alcinéa Cavalcante posta no Blog. Bjs

Oh, Leacide, poeta e escritora por quem tenho grande admiração, muito mas muito obrigada mesmo, pelo seu carinho. Você me emocionou. Meu domingo que já estava lindo ficou ainda mais belo e mais terno com sua poesia.

Chá da tarde

Beijo Divino
Graça Penafort

Manhã chuvosa
Lágrimas do céu caem sobre nós.
O coração desconhece a dor e a alegria.
Só os sentidos falam.
Entre o verde repousante,
bela, glamurosa, delicada,
abre-se à Luz a perfeição do Universo.
Limito-me a contemplá-la.
O impulso é devastador: arrasta-me!
Meus lábios tímidos procuram as pétalas molhadas.
Isso basta.
Um quase imperceptível perfume desperta-me à poesia.
É o beijo divino na minha boca profana.