Marabaixo – Sábado do mastro

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Neste sábado, 30, reinicia a programação do Ciclo do Marabaixo com o corte dos mastros nas matas, que serão enfeitados com ramos de murta e pintados nas cores da Santíssima Trindade ou Divino Espírito Santo, e levantados nas próximas rodas de marabaixos.

A retirada dos mastros é feita cinco semanas após o primeiro marabaixo, no Laguinho e Favela, e deixados em uma residência próxima ao barracão, para onde são levados novamente, dando continuidade aos festejos, que encerram no Domingo do Senhor, quando os mastros são derrubados e é feita a escolha dos novos festeiros.

(Texto: Mariléia Maciel – Foto: Márcia do Carmo)

Começa hoje o Festival Curta Teatro

13087527_1160552407309537_8981386205350909248_nCom o espetáculo “Licença Preu Passar”, do grupo Éramos Três (Cascaval-PR), começa hoje, terça feira,  o I Festival Curta Teatro, às 18h no Teatro das Bacabeiras.
O Festival é uma realização da CIA Ói Nóis Aki com o objetivo  de contribuir com a implementação de políticas publicas que viabilizem a difusão, a produção e o consumo do fazer teatral enquanto arte pública no Estado do Amapá.
“Serão três dias de mostra competitiva, onde o melhor processo cênico inscrito leva um prêmio de três mil reais, além do troféu Creuza Bordalo, nossa grande homenageada do festival, por sua imensurável contribuição ao teatro amapaense, em um tempo onde as dificuldades eram ainda maiores”, diz a CIA Ói Nóis Aki.

Nota pública do Conselho de Cultura

NOTA PÚBLICA DO CONSELHO DE CULTURA DO ESTADO – CONSEC-AP

O Conselho Estadual de Cultura vem de público se posicionar em relação aos fatos relativos à cultura que se avolumam nas camadas sociais do Estado, referentes às mudanças que podem vir a acontecer, no organograma adotado pelo novo modelo de gestão do governo do Amapá, fazendo junções de várias secretarias com o objetivo de enxugar a máquina administrativa.

Nosso posicionamento quanto à junção da Secretaria de Cultura com outras secretarias é de que o modelo de gestão compartilhado viola a Constituição Federal dentro de sua Seção II, artigo 215, norma que garante a todos o pleno exercício dos direitos culturais, devendo-se enfatizar que o parágrafo IV do dispositivo determina que toda e qualquer alteração para a emancipação da cultura só poderá ser feita por consulta prévia e democratização do acesso as informações. Continue lendo

Senado homenageia o poeta Thiago de Mello

O 90º aniversário do poeta Thiago de Mello será homenageado pelo Senado com uma sessão especial. O requerimento, de autoria do senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) foi aprovado ontem, quinta-feira (31).
Considerado um dos maiores representantes da poesia social no Brasil, o escritor, nascido no estado do Amazonas e perseguido pelo regime militar de 1964/1985, completou 90 anos no dia 30 de março.

Em junho de 2011 tive o privilégio de, ao lado de Thiago de Mello, participar de uma sessão especial em comemoração ao Dia Nacional da Poesia, onde fomos homenageados. (Releia a matéria aqui)

Junho de 2011 no Senado
Junho de 2011 no Senado

Os Estatutos do Homem
Thiago de Mello

Artigo I 
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II 
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III  
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único:  
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V  
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI  
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII  
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII   
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X  
Fica permitido a qualquer  pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.

Artigo XI 
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII   
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII 
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.   
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.

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Hoje tem ladainha e batuque no Curiaú

Foto: Mariléia Maciel
Foto: Mariléia Maciel

Hoje é dia de ladainha, batuque, saia rodada, alegria e gengibirra no Curiaú.
A festa é promovida por dona Joaquina Santos. É o pagamento de uma promessa por uma graça alcançada.
O batuque começa às 20h e só termina quando o sol aparecer.
É na sede ao lado da igrejinha de São Joaquim, padroeiro da comunidade.

Jardim da Ciência na Casa das Rosas

1456944961Começa amanhã, terça-feira (29) e vai até 26 de abril na  Casa das Rosas (um dos lugares que mais amo em Sampa) o ciclo de palestras Arte e Ciência
O foco do ciclo é a complexa relação entre Arte e Ciência pois, diferentemente de visões simplificadoras, será apresentada uma perspectiva interdisciplinar e histórica.
Versando sobre tempos e espaços diversos, as palestras pretendem abrir caminhos para que todos conheçam um antigo e singular jardim de saberes.
No primeiro dia, terça-feira às 19h30, o palestrante é José Luiz Goldfarb e o tema é “Arte e Ciência: diálogos entre Mário Schenberg e Haroldo de Campos”
Goldfarb é graduado em Física (USP), tem mestrado em Filosofia e História da Ciência (McGill University, Canadá), é professor da PUC/SP, Consultor do Rio Cidade de Leitores,  diretor de cultura judaica e diretor geral de cultura da Associação Brasileira A Hebraica, conselheiro da Biblioteca Haroldo de Campos e por vários anos foi  curador do Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro.

Agenda:
29/03: José Luiz Goldfarb – Arte e Ciência: diálogos entre Mário Schenberg e Haroldo de Campos;
05/04: Marcia Ferraz: Yes, nós temos banana? A maravilhosa viagem das plantas;
12/04: Maria Helena Roxo Beltran: História do Livro e História da Ciência;
19/04: Cristiana Couto: A alimentação e a história da ciência;
26/04: Carla Bromberg – A ciência dos sentidos na Arte Renascentista.

Nanda – Flor e poesia

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Professora Fernanda Gomes: a Flor Nanda

Ela é uma flor. Uma flor que distribui flores para perfumar e alegrar a vida de quem estiver por perto dela.
Ela tem alma poética. Por isso quando declama transmite tanta paz e amor.
Ela faz parte do Movimento Poesia na Boca da Noite e é uma das pessoas responsáveis pelo sucesso deste movimento que desde 2011 espalha poesias e lirismo no Amapá.
Essas fotos (feitas por Flávio Cavalcante) são de domingo, 20, na Praça da Bandeira quando o Movimento comemorou o Dia Mundial da Poesia com sarau, varais formando o Caminho da Poesia, distribuição de mais de mil poemas, mais de 500 origamis poéticos, pergaminhos, marcadores de páginas e flores com versos.

Marabaixo será patrimônio cultural do Brasil

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Em reunião com o ministro da Cultura, Juca Ferreira, na tarde desta terça-feira, 22, as amapaenses Danniela Ramos e Esmeraldina Santos, trataram sobre o registro do marabaixo como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. Elas foram à convite do senador Randolfe Rodrigues, que reitera o esforço do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para que o marabaixo tenha o registro aprovado e se torne patrimônio cultural do Brasil. No ano passado, durante visita do ministro ao Amapá, manifestou interesse na aprovação do registro.

Danniela Ramos e a quilombola Esmeraldina, compõem o Comitê Gestor do Marabaixo no IPHAN, entidade que desde 2013 desenvolve o trabalho voltado para este objetivo. A superintendente do Instituto no Amapá, Juliana Morilhas, explica que todos os trâmites são seguidos para a efetivação do registro. “Fizemos o inventário, e em 2014 iniciamos a mobilização dos grupos e comunidades, que contribuíram com o inventário, e formam o Comitê Gestor, que subsidia o Iphan como mediador do trabalho de registro. A meta é entregar o pedido de registro em maio”, disse.

Durante a reunião, o ministro Juca Ferreira e a superintendente do IPHAN nacional, Jurema Machado, firmaram o compromisso de ajudar na celeridade do processo. O senador Randolfe Rodrigues se comprometeu em destinar uma emenda para que o IPHAN nacional finalize a pesquisa, após a formalização do pedido de registro que será feito pela representação do órgão no Amapá.

“Finalmente o nosso marabaixo terá o reconhecimento merecido, é a valorização da cultura e respeito com a memória de nossos antepassados. Essa vitória é de todo o povo do Amapá e principalmente dos pioneiros, que não deixaram a história se perder no tempo”, comemora Danniela.

O marabaixo é a manifestação que mais caracteriza a cultura amapaense. Vem do início da colonização de Macapá, uma junção dos costumes de negros que vieram escravos da África, com a tradição católica nativa. A dança, o canto, chamados de “ladrões”, que conta em versos o cotidiano, caixas artesanais, gengibirra, fogos, caldo são costumes agregados aos louvores à Santíssima Trindade e Divino Espírito Santo, muito forte durante o Ciclo do Marabaixo, fundamentado no catolicismo. Estas características se enquadram no conceito de bens materiais e culturais.

(Texto: Mariléia Maciel
Foto: Ascom/Senador Randolfe)