Amanhã tem Marabaixo no Laguinho – É a Quarta-feira da Murta

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Os festejos para o Divino Espírito Santo começam nesta quarta-feira, 4, no Laguinho, e as cores vermelha e branca tomam conta dos barracões dos descendentes do mestre Julião Ramos, tia Biló e mestre Pavão. É o Ciclo do Marabaixo que continua, com o ritual de levantar os mastros do Divino, após a roda de marabaixo que começa na chamada Quarta-Feira da Murta e termina na aurora da Quinta-Feira da Hora.

Somente no Laguinho festeja-se o Divino Espírito Santo, e neste dia, 4 de maio, primeira quarta-feira após o Domingo do Mastro, a programação inicia com a “quebra” da murta, que segundo os antigos, tiram o mal-olhado. A roda de marabaixo inicia de tarde, e no começo da noite, os marabaixeiros saem do barracão para buscar os ramos de murta que ficam guardados em uma casa próxima, e saem dançando, tocando caixas, cantando “dobrado” e soltando fogos nas ruas.

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Na volta para o barracão, os ramos são guardados, e após a noite inteira de marabaixo, enfeitam os mastros onde também é colocada a bandeira do Divino, e levantado junto com o mastro que está pintado nas cores vermelha e branca, às 6h da Quinta-feira da Hora, quando as orações encerram as obrigações. Neste mesmo dia, à noite, começa a novena para o Divino, que são rezadas durante nove dias. Depois disso, acontecem os bailes até o Domingo do Divino Espírito Santo (15), quando no amanhecer, inicia no Laguinho e Favela, os festejos para a Santíssima Trindade.

Na casa da tia Biló, os preparativos já iniciaram. “A gengibirra está gelando, e na Quarta-feira da Murta vamos preparar o caldo, que deve ter muita consistência, porque quem vai amanhecer, e os que tocam e dançam, ficam 12 horas acordados. Vamos quebrar a murta e buscar na casa da dona Raimunda, e cumprir mais uma missão da herança cultural deixada, e levantar os mastros do Divino Espírito Santo na aurora da Quinta-feira da Hora”, disse Joaquim Ramos, o Munjoca, neto de Julião Ramos.

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Marabaixo – Hoje é Domingo do Mastro

 

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“Quem tem roupa vai a missa lê lê
quem não tem faz como eu lê lê
Rosa branca açucena lê lê
case com a moça morena lê, lê”
Hoje, a partir das 17 horas, tem roda de Marabaixo no Laguinho e na Favela.
É o Domingo do Mastro com rufar de tambores, saia florida, toalha no ombro e muitos ladrões e gengibirra.

Na Favela é o marabaixo da Tia Irene, na Av Mendonça Furtado entre Hildemar Maia e Professor Tostes.

No Laguinho tem o marabaixo do Mestre Pavão (Av. José Tupinambá entre Leopoldo Machado e Jovino Dinoá) e o da Tia Biló (Rua Eliezer Levy, entre Mãe Luzia e José Tupinambá)

As irmãs Coragem da Favela

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As irmãs Tavares, Ana (81), Theresa (85) e Quitéria (90), também conhecidas como Irmãs Coragem, ainda preservam a fé na Santíssima Trindade e respeitam a memória dos antepassados. Os problemas de saúde causados pela idade, não permitem que participem das rodas de marabaixo, mas o marabaixo vai até elas, e é em sua residência que fica a murta e neste ano, o mastro, da Santíssima. “Aproveitamos pra dançar mesmo sentadas ou no andador”, disse Ana.

Elas ainda recordam dos grandes mestres da cultura popular, Martinho Ramos, Constantino, Juliana Calhambeque, Maria Úrsula, Sebastião Canuto, Maria Grande, Zefa do Quincas, que tocavam, cantavam e dançavam marabaixo. “Quando eles estavam no salão, a gente tinha vontade de dançar, ainda tinha os irmãos Zeca e Bibi Costa, que reinavam nas caixas”, conta Theresa.

“A cachaça ficava no alguidar com uma cuia dentro, e quem passava tomava um gole. Lembro que as mulheres eram muito vaidosas, era uma saia mais bonita que a outra. Nossa mãe, Maria do Carmo, pedia de presente no dia das mães um corte que fazia a roupa pra festa da Santíssima, e depois da missa era servido chocolate com pão-de-ló”, lembra Quitéria.

O mastro será deixado na casa da irmãs no Sábado do Mastro (30), por volta de meio-dia, e no final da tarde os marabaixeiros, em cortejo, seguem para buscar e retornam para o barracão da Tia Gertrudes onde acontece a roda de marabaixo até meia-noite.

(Texto e foto: Mariléia Maciel)

Marabaixo – Sábado do mastro

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Neste sábado, 30, reinicia a programação do Ciclo do Marabaixo com o corte dos mastros nas matas, que serão enfeitados com ramos de murta e pintados nas cores da Santíssima Trindade ou Divino Espírito Santo, e levantados nas próximas rodas de marabaixos.

A retirada dos mastros é feita cinco semanas após o primeiro marabaixo, no Laguinho e Favela, e deixados em uma residência próxima ao barracão, para onde são levados novamente, dando continuidade aos festejos, que encerram no Domingo do Senhor, quando os mastros são derrubados e é feita a escolha dos novos festeiros.

(Texto: Mariléia Maciel – Foto: Márcia do Carmo)

Começa hoje o Festival Curta Teatro

13087527_1160552407309537_8981386205350909248_nCom o espetáculo “Licença Preu Passar”, do grupo Éramos Três (Cascaval-PR), começa hoje, terça feira,  o I Festival Curta Teatro, às 18h no Teatro das Bacabeiras.
O Festival é uma realização da CIA Ói Nóis Aki com o objetivo  de contribuir com a implementação de políticas publicas que viabilizem a difusão, a produção e o consumo do fazer teatral enquanto arte pública no Estado do Amapá.
“Serão três dias de mostra competitiva, onde o melhor processo cênico inscrito leva um prêmio de três mil reais, além do troféu Creuza Bordalo, nossa grande homenageada do festival, por sua imensurável contribuição ao teatro amapaense, em um tempo onde as dificuldades eram ainda maiores”, diz a CIA Ói Nóis Aki.

Nota pública do Conselho de Cultura

NOTA PÚBLICA DO CONSELHO DE CULTURA DO ESTADO – CONSEC-AP

O Conselho Estadual de Cultura vem de público se posicionar em relação aos fatos relativos à cultura que se avolumam nas camadas sociais do Estado, referentes às mudanças que podem vir a acontecer, no organograma adotado pelo novo modelo de gestão do governo do Amapá, fazendo junções de várias secretarias com o objetivo de enxugar a máquina administrativa.

Nosso posicionamento quanto à junção da Secretaria de Cultura com outras secretarias é de que o modelo de gestão compartilhado viola a Constituição Federal dentro de sua Seção II, artigo 215, norma que garante a todos o pleno exercício dos direitos culturais, devendo-se enfatizar que o parágrafo IV do dispositivo determina que toda e qualquer alteração para a emancipação da cultura só poderá ser feita por consulta prévia e democratização do acesso as informações. Continue lendo

Senado homenageia o poeta Thiago de Mello

O 90º aniversário do poeta Thiago de Mello será homenageado pelo Senado com uma sessão especial. O requerimento, de autoria do senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) foi aprovado ontem, quinta-feira (31).
Considerado um dos maiores representantes da poesia social no Brasil, o escritor, nascido no estado do Amazonas e perseguido pelo regime militar de 1964/1985, completou 90 anos no dia 30 de março.

Em junho de 2011 tive o privilégio de, ao lado de Thiago de Mello, participar de uma sessão especial em comemoração ao Dia Nacional da Poesia, onde fomos homenageados. (Releia a matéria aqui)

Junho de 2011 no Senado
Junho de 2011 no Senado

Os Estatutos do Homem
Thiago de Mello

Artigo I 
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II 
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III  
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único:  
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V  
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI  
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII  
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII   
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X  
Fica permitido a qualquer  pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.

Artigo XI 
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII   
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII 
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.   
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.

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