Categoria: Futebol Amapá
Retrato em preto-e-branco
Deputada lança revista
A deputada federal Janete Capiberibe (PSB) lança hoje, às 17h30 na sede da OAB-AP, a revista “Porta Voz”- que é uma prestação de contas de seu mandato. “Nós procuramos fazer do nosso mandato um espaço aberto para melhorar a vida da população e apoiar iniciativas que tragam benefícios para a vida de todos. A revista Porta Voz informa sobre grande parte do que fizemos“, diz a deputada.
A revista poderá também ser lida na internet, no endereço www.janete.capiberibe.net
Jogador do Santana é assassinado
Jogador do Santana Esporte Clube, Marlon Tavares Barriga, o Zebu, foi assassinado com dois tiros esta madrugada na Praça Zagury.
Leia no blog do Santana Esporte Clube
Crônica do Sapiranga
Eles jogavam muito
Milton Sapiranga Barbosa
O Bairro da Favela, além dos times São José e do Araguary, que disputaram campeonatos organizados pela então Federação Amapaense de Desportos(FAD), hoje Federação Amapaense de Futebol(FAF), tinha dois bons time de pelada, o Favelão Esporte Clube e o Onze Brasileiros Futebol Clube. O primeiro fazia sucesso no Jotistão, torneio anual promovido pela Juventude Oratoriana do Trem. O segundo, 11 brasileiros, foi fundado por um motorista de carro de aluguel, Seu João de tal, que adorava futebol e levava a garotada para disputar jogos amistosos pelos bairros de Macapá e nos distritos de Fazendinha e Santana, conquistando grandes vitórias e belíssimos trféus . E foi num jogo realizado em Santana, que a rapaziada do 11 Brasileiros passou o maior perrengue. Seu João e um dirigente do Santana, se não me falha a memória, Vasquinho, acertaram um confronto amistoso entre 11 Brasileiros e Santaninha, um time formado por filhos de funcionários da ICOMI. Um time considerado imbatível em seus domínios, onde jogavam, entre outros, Venturoso, Nêgo, Bigu, Germano, Luiz, Antônio Trevisani, José Pastana. Destes, apenas o Pastana não chegou a vestir a camisa de titular do time adulto do Santana, pois deu continuidade aos estudos até concluir o curso de Engenharia. No acordo entre os dirigentes ficou definido que Seu João levaria o time à Santana e o retorno seria por conta do time mirim do então Canário Milionário. O Jogo realizado no campinho da Vila Pavulagem, terminou, após um bela exibição dos garotos da favela, com uma goleada de 5 a 1, e um show de bola . Foi aí que a coisa ficou feia pros favelenses. Chateados com a quebra de invencibilidade com acachapante goleada, os dirigentes do Santaninha não providenciaram o transporte para trazer nosso time a Macapá e como seu João, por confiar na palavra do adversário havia assumido compromisso fora de Macapá, ficamos ilhados em Santana.
Andando e com muita fome, fomos até o Restaurante dos Viajantes, que eu sabia pertencer a mãe do meu colega de classe Juracy. Chegando lá expliquei nossa situação, ele falou com a mãe dele que disse tudo bem, mas teríamos que encher dois barril de 200 litros cada. Nem bem ela acabou de falar a turma caiu no “sarilho” e passados alguns minutos já estávamos com nossas barrigas cheias. Depois começou a luta para conseguir carona para voltarmos para casa. Reunimos os poucos trocados que tínhamos e mandamos de Kombi os garotinhos que foram torcer pelo 11 Brasileiros Futebol Clube, como : Bala, Rato, Jorge, Picolé, Bilica e outros. Por outro lado, nosso prêmio, após a brilhante vitória sobre o Santaninha foi andar e correr 27 km, enfrentando piçarra, vento no rosto e muita poeira até a casa do Artur, na Leopoldo Machado, que servia de sede e concentração para o valoroso time do 11 Brasileiros Futebol Clube, que faz parte das boas lembranças de minha infancia feliz vivida no meu querido bairro da Favela.
Há 60 anos
Inauguração do estádio Glycério Marques, em 15 de janeiro de 1950
Eles brilharam no Glycerão
Brilharam no Glycerão
Crônica do Sapiranga
Presepadas do Carrapeta
Milton Sapiranga Barbosa
Benedito Batista dos Santos, nasceu no dia 2 de Março de 1944, no município paraense de Cametá,. No dia 25 de Fevereiro de 1955, já então com 11 anos de idade chegou em Macapá, na companhia dos primos Manoel do Rosário e Benedito Andrade. Por muito tempo morou na casa de número 99, da avenida Mendonça Furtado, no bairro da Favela, sob a tutela de seus tios, o casal Bingue e Lali, pais do Olopércio, Haroldo e José Maria Franco, seus primos-irmãos legítimos .
Benedito, estudou no Barão do Rio Branco, Colégio Amapaense, Escola Industrial e IETA.
Formou-se em educação física com pós graduação na Escola de Educação Física do Estado do Pará. No futebol não ganhou destaque de craque, mas foi utilíssimo cumprindo função tática e fazendo muitos gols pelo Juventus, Trem, Municipal, Ypiranga Clube e Favelão.
Esse senhor, hoje aposentado, quando moleque no bairro da Favela, foi um dos mais levados que conheci. Ele era tão danado que ganhou o apelido de CARRAPETA, e de quem, passo agora a contar , algumas das presepadas que ele aprontou por aí.
Infância 1 – Seu tio e pai de criação Bingue, estava sentindo fortes dores no fígado e mandou o moleque ir na farmácia serrano comprar remédio. Ele foi, mas ao passar próximo ao campo da matriz parou para olhar o jogo entre FIJO E JOT, cujo placar apontava 1 a 0 para o time do bairro do trem. O técnico da FIJO, Expedito Cunha Ferro ( 91), que já conhecia o futebol arisco daquele cametaense, convidou-o para participar do jogo. Ele não se fez de rogado, enrolou no calção o dinheiro que era pra comprar remédio e foi pro jogo, fez o gol de empate e no final seu time venceu.
Carrapeta voltou para sua casa como herói, mas sem a grana e o remédio que deveria comprar para seu tio. Sabendo que uma palmatória, com furo no meio lhe esperava, rápido ele se meteu embaixo do assoalho. Não teve jeito, foi dedurado pelos primos e teve que encarar 50 bolos, 25 em cada mão e com a recomendação: Não chora, se chorar começo tudo de novo.
Infância 2 – Certo dia em que sua tia deixara no ninho de galinha alguns ovos que não foram chocados (não nicaram pintinhos), ele, por corda dos primos, cozinhou-os e vendeu para o Sr Amim Richene (aquele que tinha comércio no canto da Mendonça com a Leopoldo e era concorrente do seu Manoel da Casa 2 Estrelas). Seu Amim comprou na boa fé e na boa fé vendeu para um senhor que trabalhava no Banco da Amazônia, que depois voltou para devolver, pois os ovos estavam cozidos e estragados. Nosso personagem, ao avistar seu Amim conversando com sua Tia Lali, já sabia que teria de agüentar mais 50 bolos nas mãos sem chorar, senão a contagem era reiniciada.
Adolescente – Carrapeta, moreno, boa pinta, era um namorador incorrigível. Desses que hoje chamam de galinha, mas que eu diria que era um galo. Ele chegou a ter várias namoradas ao mesmo tempo, dedicando meia hora para falar com cada uma delas. Num dia 12 de junho, dia dos Namorados, ele ganhou de uma namorada que morava no laguinho, um lindo cordão de ouro, e deu a preciosa jóia de presente para uma outra namorada que morava no bairro do Trem. A morena que comprou o cordão ficou sabendo que ele dera para uma outra, então convidou uma de suas irmãs, e as duas surraram pra valer a rival. O Don Juan ficou sem cordão, sem as namoradas e com a fama de safado entre as mulheres.
Adulto 1 – Numa viagem que fez a Fortaleza-CE, para participar de um congresso para professores de educação física, Carrapeta aprontou para cima dos Gaúchos. Eles ficaram hospedados no Colégio Militar sediado no Bairro da Aldeota, onde a ordem de recolher era às 23 horas. A gauchada costumava perder a hora e só chegavam às 5 da madrugada no quartel. Chegavam e faziam uma barulheira danada, cantando e dançando temas do folclore dos pampas, não deixando mais ninguém dormir. Por dois dias eles aprontaram e o Carrapeta quieto, mas puto da vida. No terceiro dia, ele foi na feira do bairro, comprou um rádio de alta potência e uma enorme peixeira, que ele mandou afiar dos dois lados. Seus amigos estranharam aquela compra e ele disse apenas: me aguardem. Na madrugada do quarto dia de congresso, os gaúchos depois de muito barulheira, se deitaram para dormir., como se nada tivesse acontecido. Quebraram a cara. Naquele momento, o Carrapeta esfolou o rádio de 10 bands a todo volume e ficou esperando o baque. Os gaúchos reclamaram que queriam dormir e quando se dirigiram para desligar o moto-rádio, depararam com aquele moreno, cara de mau, empunhando a reluzente peixeira e ameaçando: vem, que vou arriar o bucho de uns três. Daquele dia em diante, a dormida do Carrapeta rolou solto madrugada a dentro. No final do congresso, a gauchada se despediu com abraços e deu até presente pro Carrapeta. É que o Savino havia informado pra eles, que da família do Carrapeta, ele era o mais bonzinho, mas já tinha até puxado cana, por pinicar a barriga de um desafeto. Pura sacanagem do Savino, para amedrontar mais os rapazes dos pampas.
Adulto 2 – Final de mês, dia de pagamento do governo na agência do Banco da Amazônia, à época localizado na Cândido Mendes com Presidente Vargas. Quando o Carrapeta chegou na agência, um mundão de gente se aglomerava na porta de entrada. E agora? Pensou ele, tenho que dar um jeito de passar na frente. Furar não dava. Então, malandramente, nosso amigo introduziu um braço entre as pessoas a sua frente e com o dedo em riste cutucou as nádegas de alguém e rápido recolheu o braço. Foi um Deus nos acuda, porrada pra todo lado e o Carrapeta, sorrindo, foi um dos primeiros a adentrar no banco e a botar as mãos na grana..
Adulto 3 – Certa vez ao chegar na agência quando o banco acabara de cerrar suas portas para atendimento externo, ele, precisando receber seu pagamento sem falta, se fez passar por funcionário dos Correios e Telégrafos. É que um ex-aluno, do seu tempo de vice diretor do Colégio Amapaense, trabalhava na agência da ECT-Macapá e chegara na agência para entregar alguns malotes oriundos do Banco Central. Ao avistar o rapaz, o Carrapeta não perdeu tempo, falou com ele, pegou 2 malotes e se foi banco a dentro, lampeiro e pimpão.. O segurança ainda tentou tirá-lo, mas quem disse que ele saiu. Recebeu seu rico dinheirinho e saiu na maior cara de pau da paróquia.
Meu amigo Carrapeta, hoje, com os filhos todos formados em nível superior, sofre de diabetes, já teve que amputar parte do pé, o dedo de uma das mãos e está com a visão comprometida. Todos os sábados nos reunimos em sua residência e batemos longos papos, relembrando os momentos felizes vividos no nosso querido bairro da favela. Ele tem muito mais histórias interessantes e hilariantes, mas por enquanto só me autorizou a contar, sem cortes, as narradas acima.