Lembras…

1977quando o  Guarany Atlético Clube foi o campeão amapaense de futebol em 1977?
Olha aí o empresário e desportista, presidente do Clube, Moacir Coutinho recebendo o troféu.
Quem identifica os outros que aparecem na foto? Quem lembra a escalação do time?

Amanhã tem clássico no Glycerão

Ypiranga e São José se enfrentam amanhã, domingo, a partir das 17h no estádio Glycério Marques, em jogo válido pelo Campeonato Amapaense.

Quem arrisca um palpite?

Enquanto você pensa no palpite que vai dar, que tal tentar identificar os craques do Ypiranga e São José que brilharam no Glycerão na época do futebol amador?

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Memória – Futebol (1)

Inauguração do estádio Glycério Marques
Inauguração do estádio Glycério Marques

Mais antigo que o Maracanã, o estádio municipal Glycério Marques, em Macapá, foi inaugurado em janeiro de 1950, com um jogo entre as seleções do Amapá e Pará. Uns dizem que a inauguração foi dia 14, outros asseguram que foi 15. Eu não sei.
Comecei a frequentar o estádio – que era chamado de Gigante da Favela e de Glycerão – no início dos anos 70, quando trabalhava como repórter esportiva do Jornal do Povo. Na época não havia iluminação, portanto nada de jogos à noite. O campeonato era disputado no domingo à tarde, com a preliminar (chamada de esfria-sol) começando às 14 horas e a principal às 16h.
Geralmente a preliminar era feita pelos times menores, como o União e 13 de Setembro. O 13, coitado, certa vez não tinha dinheiro nem para comprar as chuteiras e os “craques” tiveram que jogar de chulipa – que não tem atrito – aí era um “cai-cai” que não acabava mais.
Em 1975 quando Manuel Antônio Dias era presidente da FAD (hoje Federação Amapaense de Futebol) o “Gigante da Favela” passou por uma grande reforma, talvez a mais importante da sua história, visto que recebeu iluminação e um gramado que era um primor. Ah! as torres de refletores deixavam o povão boquiaberto, pois nunca se tinha visto isto por aqui. Era uma beleza!
Para a reinauguração a FAD mandou buscar a Seleção Brasileira de Amadores que veio com todos os seus craques, entre eles o Éder, ponta-esquerda do Atlético Mineiro.

Ele brilhou no Glycerão

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Jogando na ponta ou na meia-esquerda, no Guarany ou no Trem, Waldir dava show e levava a torcida ao delírio.

Você viu o Waldir jogar? Se viu lembra que ele  um craque daqueles que fazia o adversário comer grama.Se não viu, azar o seu.

Ainda apaixonado pelo futebol, hoje ele é instrutor de uma escolinha na arena Mané Garrincha, no bairro Zerão. E garante que de lá vão sair muitos craques.

Na segunda-feira à noite costuma assistir aos jogos da Copa Marcílio Dias e na quarta bate bola com outros veteranos, ou boleiros, na Praça da Conceição. E depois da “pelada” a turma reúne no bar da praça para contar histórias e causos da época do futebol amador, quando o Amapá era chamado pela imprensa esportiva do Pará de “celeiro de craques”.

Oratório x Ypiranga hoje no Glicerão

076 Oratório e Ypiranga abrem hoje o Amapazão-2009 no estádio Glicério Marques.

O clássico começa às 18h30, com arbitragem de José Mário. Os ingressos custam apenas  8 reais (inteira) e 4 reais (meia).

Quem arrisca um palpite para este jogo?

(Dias, não deixa o Claudionor ficar pendurado no alambrado :lol:)

Atualização às 21h – O Ypiranga venceu o Oratório por um zero. Claudionor – conhecido pé-frio – não pode ser culpado pela derrota do Oratório, pois ele nem passou perto do Glicerão hoje. Né não, Dias?

A Favela no futebol amapaense

Milton Sapiranga Barbosa, especial para o blog

Sim, no tempo do amadorismo de priscas eras, o bairro  da Favela  tinha  dois  clubes  disputando os campeonatos organizados pela Federação Amapaense de Desportos(FAD).

cb_sao_jose-ap-5Um era o São José, do seu Messias, onde jogavam, entre outros, Bulhosa, Pantera, Jurandino (Carudo), Justo, Raminho e Mosquito, cuja sede ficava na esquina da Leopoldo Machado com a Presidente Vargas, mas um acordo entre Messias e Humberto Santos, levou o São José  para o bairro do Laguinho.

O outro era o Araguary Esporte Clube, sendo que este não tinha sede, a turma se reunia na casa de um dos atletas, escolhida aleatoriamente. Nesse tempo, Araguary e Fazendinha era o grande clássico da segunda divisão (Santa Cruz, Primavera, Guarany, depois Ypiranga e Santana, sem esquecer o Atlético Latitude Zero, também  integraram a segundona da FAD).

Sempre que Araguary e Fazendinha se encontravam o Glicerão ficava apinhado de gente. Mauro, Abiezer, Beto, Barata, Bento, Carneiro, Dioneto, Elionay, Ferramenta, Peteca e Palito (um carvoeiro bom de bola, que chegava sempre em cima da hora para jogar, pois antes precisava desmanchar suas caieiras)   e  Nolasco, eram alguns  dos integrantes do Araguary Futebol Clube. Pelo Fazendinha, destacamos Zezé (um goleiraço), Marinheiro, Flávio Góes, Valdir  e seu irmão Papaarroz (um cracaço, que batia penalty de letra) e Estrela.

Eu  gostava de estar entre a rapaziada do Araguary para ouvir as  histórias  das viagens que o time fazia pelo interland amapaense. Nolasco,  meu vizinho, era um jogador razoável, mas muito bom para contar histórias e rápido  para  fazer uma paródia, fosse qual fosse a situação, senão vejamos: certa vez, numa excursão a Mazagão, no tempo  em só se chegava ao município por via marítima, Nolasco não  foi  escalado de saída no time que iria  enfrentar a seleção mazaganense. Terminado o primeiro tempo, começa o segundo e o Nolasco no banco de reservas. Jogo já no final do segundo tempo, eis que ele  é chamado  para substituir um companheiro,  ele se negou e saiu-se  com essa : “eu fui  em Mazagão/ fiquei encabulado/ pois só comi feijão e ainda fui barrado./ quando jogo estava pra terminar / técnico veio me chamar pra entrar lá no gramado/ eu não sou doido e também não sou maluco/ pra entrar lá no gramado e jogar  cinco minutos.”

Doutra feita, eles  se reuniram e metidos na roupa de domingo, foram  a  uma  festa    no bairro do Laguinho (aquela época, já rivalizando com o bairro da Favela, por causa do Marabaixo e do boi bumbá). Todo mundo alinhado, festa animada, muita cocota no salão e eles de fora olhando, pois  o porteiro não deixou eles entrarem. Aí o Nolasco criou uma musiquinha, que tinha um trecho que dizia assim: “Fui numa festa lá no Mestre Julião/ deu meia noite o baile vai começar/  se  é  do Laguinho o porteiro manda entrar/ se é da Favela ele faz voltar”.

O  Araguary  é do tempo que se dava chagão (jogar a bola por um lado do adversário e correr pelo outro e contiuar a jogada – hoje drible da vaca), do avião ( hoje chapéu, lençol), por baixo da saia ( hoje entre as canetas), do xilique (joelhada forte na coxa do oponente e doía uma barbaridade (hoje chamam tostão). O Araguary e seus  integrantes, suas histórias e paródias são lembranças de minha infância feliz viviva no meu querido bairro da Favela.