Anos 70 – Rua General Rondon, bairro do Laguinho
(Foto: Juvenal Canto)
Categoria: Memória
Macapá era assim
Quem pulou desse trampolim?
Naquele tempo as manhãs de domingo eram super animadas na Piscina Territorial com os chamados “banhos livres”. Os rapazes considerados “bambambãs” aproveitavam para fazer piruetas no ar pulando do trampolim mais alto. E com essas piruetas conquistavam corações. O salto mortal acabava virando um salto direto no coração das gatinhas. E muitos namoros – alguns evoluíram para casamento – começaram ali nas manhãs ensolaradas de domingo.
Ah, poucas mulheres se atreviam a pular do trampolim. Bom mesmo era ficar lá embaixo de olhos pregados nos meninos.
Você frequentava a piscina? Conta pra nós o que você viu, o que você lembra, o que você sabe daqueles domingos.
Do fundo do baú
Glycerão – 65 anos
Mais antigo que o Maracanã, o estádio municipal Glycério Marques, em Macapá, foi inaugurado em janeiro de 1950, com um jogo entre as seleções do Amapá e Pará. Uns dizem que a inauguração foi dia 14, outros asseguram que foi 15. Eu não sei.
Comecei a frequentar o estádio – que era chamado de Gigante da Favela e de Glycerão – no início dos anos 70, quando trabalhava como repórter esportiva do Jornal do Povo.
Na época não havia iluminação, portanto nada de jogos à noite. O campeonato era disputado no domingo à tarde, com a preliminar (chamada de esfria-sol) começando às 14 horas e a principal às 16h.
Geralmente a preliminar era feita pelos times menores, como o União e 13 de Setembro. O 13, coitado, certa vez não tinha dinheiro nem para comprar as chuteiras e os “craques” tiveram que jogar de chulipa – que não tem atrito – aí era um “cai-cai” que não acabava mais.
Em 1975 quando Manuel Antônio Dias era presidente da FAD (hoje Federação Amapaense de Futebol) o “Gigante da Favela” passou por uma grande reforma, talvez a mais importante da sua história, visto que recebeu iluminação e um gramado que era um primor.
Ah! as torres de refletores deixavam o povão boquiaberto, pois nunca se tinha visto isto por aqui.
Era uma beleza!
Para a reinauguração a FAD mandou buscar a Seleção Brasileira de Amadores que veio com todos os seus craques, entre eles o Éder, ponta-esquerda do Atlético Mineiro.
Retrato em preto e branco
Lembras do Bar Lennon?
O velho de trapiche
O velho Trapiche Eliezer Levy, de muitas histórias, causos e lendas.
Nele atracavam embarcações de bandeiras de vários países e os gringos aproveitavam para tomar um sorvete, servido em taça de inox pelo famoso garçom Inácio, no Macapá Hotel.
Era desse trapiche que saíam os navios com destino a Belém. No final das férias iam lotados de universitários que voltavam para as faculdades (não havia ensino superior no Amapá).
Nas tardes de domingo o velho trapiche era a passarela da juventude. Depois da sessão da tarde nos cines João XXIII e Macapá os jovens iam como em procissão passear ali. Era um passeio obrigatório.
À noite era comum ver na ponta do trapiche um pescador solitário. Um pescador de peixes, ou de estrelas, ou de poesia ou de raios da lua.
A foto é do tempo em que ainda existia a tão cantada em verso e prosa “Pedra do Guindaste” de muitas lendas. Uns diziam que meia noite a pedra transformava-se num navio de ouro maciço enfeitado com diamantes e esmeraldas. Outros contavam que era uma princesa encantada. E tinha gente que jurava ter visto “com esses olhos que a terra há de comer” a pedra se transformar em princesa quando o relógio marcava meia-noite em ponto.
Um dia colocaram a imagem de São José, padroeiro de Macapá, em cima da pedra. Pouco tempo depois um navio chocou-se com ela destruindo-a. No lugar foi construído um pedestal de concreto para São José, colocado de costas para a cidade, mas abençoando todos que aqui chegam pelo majestoso rio Amazonas.
A imagem do santo padroeiro é uma obra de arte do escultor português Antônio Pereira da Costa. Ele também esculpiu os bustos de Tiradentes (na Polícia Militar) e Coaracy Nunes (no aeroporto) e os leões do Fórum de Macapá (atual sede da OAB).