Macapá era assim

praçadaConceiçao1Bairro do Trem – Praça Nossa Senhora da Conceição

Esta foto é um  presente  para o pessoal que se orgulha de morar ou ter morado no bairro do Trem, como os leitores José Ronaldo Rodrigues, que considera o Trem o melhor lugar do Amapá para se morar,  Maria, Aloísio Cantuária, Alex Anderson, Jorge e  Jeremias, que sempre que posto fotografias antigas do bairro do Trem deixam  comentários  contando um pouco da história desse populoso e antigo bairro.

Lembrando Max Martins

Max  Martins e meu pai Alcy Araújo foram grandes amigos na “quase mocidade”. Meu pai veio para o Amapá, Max ficou em Belém, mas não perderam o contato.
A crônica abaixo foi escrita certa manhã de domingo quando Alcy, relendo o livro Anti-Retrato,  de  Max, lançado  em 1960, sentiu uma imensa saudade do amigo.
Meu pai morreu em 23 de abril de 1989. Max morreu no dia 9 de fevereiro de 2009. Naquela segunda-feira quando Max partiu para o outro plano  imaginei o sorriso meio maroto do meu pai ao olhar pela janela do céu e dar de cara com o Max chegando. Imaginei os dois se abraçando e deixando as palavras escorrerem cerzindo poemas. E Deus, sorrindo cheio de ternura, balançando a cabeça com aquele jeito só dele, dizendo: Olha aí esses dois juntos de novo, o Max e o Alcy. E parece que ainda não criaram juízo.

Max-Gravata Triste
Alcy Araújo Cavalcante

Tenho nas mãos boquiabertas o Anti-Retrato de Max Martins. O amigo, poeta magro, de olheiras profundas, boêmio, que reflete tranquilas desesperanças. Vejo, visualiso o Max da nossa quase mocidade torturada.
Onde andará o companheiro de tantas e tantas noites sem memória? Em que órbita estará com sua gravata triste? Aqui no livro ele está tão perto como um abraço. É o Max tão moço e tão maduro, aprendiz de criança que nunca pôde ter infância. Não por falta de tempo, que o tempo nunca contou para o Max, mas porque ele nunca foi mesmo desse nosso mundo. Anjo adúltero, ele apenas entrou em órbita, foi o máximo que conseguiu de aproximação desta terra onde deixamos as marcas de nossos pés nus.
E no agora eu tenho comigo o Anti-Retrato. Uma das melhores fotografias da alma do poeta, do amigo cargueado pelas tristezas que colheu como um plantador de ilusões.
Acho que estou com saudade do amigo. Talvez porque é domingo e eu ainda nem engraxei os meus sapatos e mal penteei os cabelos que o travesseiro acordou durante o meu sono.
Seria tão bom se eu saísse agora e encontrasse o Max, bem ali, defronte da janela… Sinceramente, eu daria um grande abraço no amigo e faria a pergunta mais simples e mais repetida em nossas vivências: vamos tomar alguma coisa?
E o poeta responderia com outra pergunta: onde?
Então estaria inaugurado o diálogo e as palavras escorreriam cerzindo poemas, sem que ninguém descobrisse o verso, verso que é apenas um modo de sofrer.
E Deus balançaria a cabeça com aquele jeito só dele. Numa censura terna diria ao Filho do Homem, sentado à sua direita: Lá estão de novo aqueles dois, o Max e o Alcy. Esses mesmo não criam juízo.
E o filho sorriria, aprovativamente.
Enquanto isso, um saxofone negro traria para o cais bússolas naufragadas, para indicar que além do azul a lágrima é apenas a alma que escorre pela face e lava as cicatrizes acontecidas quando morreu o último pássaro branco.
Velho Max, as palavras se perdem na praça, onde os namorados estão indiferentes a nossa poesia amargurada.

Em outros 13 de Setembro

set2Alegoria do IETA e meninas do pelotão de troféus do C.A.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAE esta sou eu. Por vários anos fui baliza do Colégio Amapaense

set1Banda do IETA

OLYMPUS DIGITAL CAMERAEsta linda menina tocando prato na Banda do IETA é a mana Alcilene Cavalcante

set5A banda do GM tendo à frente o Mestre Oscar

Num outro verão

038Fazendinha num verão dos anos 70

A gata é a Zizi e o tremendão é o Ênio num bate-papo animado nas areias da Fazendinha. Na época Zizi era locutora da rádio Educadora São José e Ênio era professor de inglês.

Adeus, Lurdico

PáduaDe repente, não mais que de repente, as lágrimas substituíram o riso, a alegria saiu do ar, a rádio emudeceu, fecharam-se as cortinas do teatro, a cuíca parou de roncar e o cavaquinho chorou. Desta vez não para introduzir um samba. O cavaquinho chorou pela partida brusca, repentina, sem ensaio e sem confetes de Pádua Borges, o Lurdico da dupla Lurdico e Vardico. Aos 49 anos de idade ele morreu hoje à tarde, vítima de infarto fulminante.pádua4a
Radialista, humorista, compositor e carnavalesco, Pádua era super inteligente e de um humor ímpar. Estava o tempo todo rindo e fazendo rir. Encontrá-lo, em qualquer lugar, era certeza de gostosas gargalhadas. Onde ele estava, em qualquer “parage”,  era praticamente impossível alguém ficar sério. De tudo fazia piada, mas só piadas inteligentes. Com o primo Vardico tornava as tardes de Macapá muito mais alegres com o programa “Os Cabuçus” na emissora de rádio da família onde “matava a pau” qualquer tristeza do ouvinte.
Égua não, égua não, como é que um “cabuçu do pé rachado” assim tão de repente pega o batelão pra outra “parage”?  Nem deu tchauzinho no “Bar Caboclo”.
No momento que soube a notícia, fiquei sem ação. Quando a ficha caiu uma lágrima caiu junto. Mas por que chorar? Ah, não. Nada de lágrimas. Lurdico não combina com lágrimas, choro, tristeza. Nada disso. Lurdico era alegria pura.
Hummmm. Tá não que eu vou chorar. Vou é lembrar das tuas “palhaçadas”  e rir pra disfarçar essa tristeza que tomou conta da gente.

O

A família  de  Antônio de Pádua Pires Borges comunica que o velório começa às 22h na Assembleia Legislativa do Amapá. Às 14 horas será levado para a Loja Maçônica Tiradentes. O sepultamento ocorrerá às 17h no cemitério São José (Buritizal)