Agenda Arte Literária

Será lançada nesta terça-feira às 9h no Museu Sacaca, a Agenda Arte Literária-2013, recheadinha de versos de 36 poetas amapaenses – uns já bastante conhecidos, outros ainda novatos na arte de poetar, mas talentosos.
A agenda é uma iniciativa da Associação Literária e Teatral Abeporá das Palavras, com o apoio do Governo do Estado do Amapá.
De acordo com a professora e poetisa Carla Nobre, idealizadora e organizadora da agenda, a  iniciativa vem à sociedade como um instrumento de divulgação da literatura produzida no Estado. “O projeto vai fazer circular ainda mais a poesia feita por amapaenses, porque uma agenda você leva na bolsa e abre em qualquer lugar“, ressalta Carla.
Fui convidada para participar, mas abri mão para garantir mais espaço para os novos poetas. Eles merecem.

Poesia na Boca da Noite no Rio de Janeiro

Poetisa e estudante amapaense, Andreza Gil, 16 anos, está passando férias no Rio de Janeiro. Levou na mala alguns exemplares da coletânea “Poesia na Boca da Noite”, lançada ano passado na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que reúne obras de 23 poetas amapaenses, inclusive Andreza.

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Passeando em Copacabana, Andreza decidiu “esquecer” um exemplar da coletânea no banco do Drummond. Se afastou e de longe ficou olhando para saber se alguém se interessaria pelo livro, se alguém iria lê-lo, levá-lo… o que aconteceria com um livro de poetas amapaenses esquecido num banco em pleno Rio de Janeiro, numa das praias mais frequentadas do mundo?
Ficou emocionada com o que viu.
“Ao ‘esquecer’ o livro com a intenção de que alguém pegasse, observei que todas as pessoas que se aproximavam para fazer aquela clássica foto, liam o livro para Drummond. Minha emoção foi gigante ao observar o sorriso das pessoas que nas mãos tinham a coletânea de poetas do estado do Amapá”, postou Andrezza no Facebook. E registrou com sua câmera várias pessoas fazendo isso, como essa jovem da foto:
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Chá das cinco

ANÚNCIO
Álvaro da Cunha

Eu estou sonhando com um regaço de virgem,
onde eu ponha a cabeça
e adormeça
quando este mundo se despedaçar.
Será que este quebranto no meu corpo
não é cansaço,
mas um pretexto para repousar?

– A vida é triste, o mundo é triste,
o amor é triste.
Quem me censura o ato de sonhar?

(Ainda posso encontrar o meu desejo
sem arredar um pé deste lugar)

E vou escrever anúncios no jornal:

“Poeta, em Macapá,
está precisando de um regaço de virgem
onde ponha a cabeça
e adormeça
quando este mundo se despedaçar”.
(Extraído da Antologia Modernos Poetas do Amapá – Macapá-AP, 1960)

Poesia na escola

O Movimento Poesia na Boca da Noite estará nesta quinta-feira, às 17h30, na escola Deuzuite Cavalcante, no bairro Perpétuo Socorro.
Será um fim de tarde/começo de noite com muita poesia, lirismo, distribuição de livros e descoberta de novos talentos poéticos.
Esta é a segunda vez que o Boca da Noite vai à escola Deuzuite Cavalcante atendendo convite da direção daquele educandário.

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Boa noite!

“Alguma coisa muito bela vai acontecer na cidade, porque a estrela tem música e o céu está perfumado nestas noites claras em que os anjos passam apressados no azul. E o azul é mais azul e a luz é mais luz. Deve ser tempo de nascer esperança.”
(Alcy Araújo)

É Natal

É Natal
Alcy Araújo
(1924-1989)

Sabeis que é Natal. Não é necessário que eu diga isto. O anúncio da renovação do milagre do nascimento de Jesus está nesta música que vem de longe, que desce do céu e flutua, em pianíssimo, em torno de nossa alma e toca de leve o coração dos homens. O milagre está, também, nesta luz que vem do alto e ilumina os espíritos, está no riso das crianças, na oração da rosa, na lágrima dos que sofrem, no canto dos pássaros, no sussurro da brisa, no murmúrio do rio e na saudade de minha mãe rezando.
Tudo é tão bonito que as lágrimas de dor e de saudade de infâncias inexistentes são poesia pura. O belo é tanto que não resisto à vontade vesperal de anunciar que é Natal, antes que a noite chegue, antes que seja oficiada a Missa do Galo, antes que dobrem os sinos na igreja comunicando a vinda do Messias.
Tudo é luz em torno do mundo. As trevas não prevalecerão quando cair a noite acendendo mistérios. As vozes dos anjos, o coral dos pastores de Israel, a lembrança dos Reis Magos estão presentes. Há perfume. Os turíbulos de Deus espargem incenso e mirra, porque é Natal no mundo e renasce a esperança no cumprimento da palavra dos profetas.
Mais uma vez é Natal!
Chegam as vozes da infância perdida nos caminhos e o coração enxuga saudades. Os sinos, à meia-noite, vão bimbalhar lágrimas distantes. Vêm de presépios inanimados e risos perdulários afogam angústias cotidianas. A dor se esconde por trás de mágoas indormidas e as horas se ocultam nos relógios, para que a poesia do Natal não passe e o musical minuto dure mais um segundo na eternidade deste dia.
É Natal!
Reza a minha alma de joelhos pelo menino sem brinquedos que perdi, na minha pobreza de sempre.
É Natal!
Repetem meus arrependimentos nas estradas.
E uma alegria imensa absorve as tristezas que fabriquei no mundo. Um sentimento infinito de bondade apaga as dores que construí durante o meu ontem irreversível. Uma ternura imensa acende felicidades futuras, porque é Natal, neste sábado do mundo. Há um polichinelo no bazar. Pertence ao menininho doente que Jesus chamou para o seu reino. Uma boneca abandonada já não chama mamãe para a garota loura que um anjo levou pela mão naquela manhã de sol. Mas outros brinquedos coloridos fazem ciranda em torno das árvores de Natal e milhares de crianças são felizes nos lares cristãos de meu país sem coordenadas. Enquanto isto, Deus sorri, pleno de Amor, por trás da Eternidade.

Poesia no Hospital da Criança

Na sexta-feira o Movimento Poesia na Boca da Noite estendeu o Pano da Poesia no Hospital da Criança fazendo a festa natalina dos pequeninos ali internados e seus acompanhantes. Juntos com a gente médicos, enfermeiros, nutricionistas, crianças internadas e acompanhantes dessas crianças declamaram poesias, brincaram de roda, riram, esqueceram a dor, as agulhadas das injeções, o gostinho amargo dos remédios e se divertiram a valer. “Todos aqui estão se divertindo muito e nós, adultos, voltamos a ser crianças”, disse a enfermeira Olinda, diretora do Hospital. Para fazer a festa, distribuímos poesias, bolhas de sabão, brinquedos e origamis natalinos, contamos histórias, cantamos e dançamos juntos. Teve até número de mágica e a historinha do “Lourenço” (uma brincadeira que o Raule faz com um lenço).
A emoção tomou conta de todos e para que você, leitor do blog, sinta um pouco desta emoção leia este texto do César Bernardo de Souza e logo abaixo do texto veja as fotos:

O Poesia na Boca da Noite voltou ao Hospital de Pediatria para mais um encontro com as crianças internadas ali. Levou poesia de criança e brincadeiras de adultos para as crianças. Dessa vez fui lá, com nó na garganta e lágrimas nos olhos permaneci  lá.

Quando cheguei olhei para o andar superior do hospital e vi atrás de pequena abertura da vidraça da janela uma mãe tendo ao colo uma criança parecendo de meses.

 Ela assistia o que se passava embaixo e expressava-se aflita, como que a traduzir para o bebê o que ela ouvia e via. Sem perdê-la de vista fui chegando para encontrar na “árvore” da poesia o “meu” poema, ao acaso.

Dizia o poetinha (9 anos) Asaf Assunção:

“Existem borboletas de varias cores,
Brancas, azuis, amarelas, verdes, pretas…
Todas elas brincam na luz
E todas tem lindas asas
Com formatos diferentes
Elas voam livremente
Formando arco-iris
No imenso céu azul
Da minha janela eu avisto um tão bela
Que passa agora por mim”.

Depois quis me integrar, como ajuda veio-me ao colo espontaneamente um das menores crianças da turma presente na tenda da poesia. Nada disse. Vasculhou meu bolso e dele tirou meus óculos, não gostou e à conta tomou-me das mãos o telefone celular.

O encanto do garotinho se deteve no modo fotografia, em cuja tela ele via outras crianças.

Enquanto isso crianças se enfileirava para declamar para as outras acomodadas para ouvir. Um encanto total: crianças mostrando poesia a crianças. Mas, encanto dos encantos: avós recitaram poesias para os seus netos internados no hospital – duas delas se apresentaram sobre o pano da poesia.

Rapidamente os tons da noite tomaram conta do ambiente, outra lembrança não me trouxe que não fosse correr novamente a vista para a janela onde vi na chegada a mãe e o bebê.  Continuavam lá.

Foi então que dei com os olhos na mamãe e neném indígenas, a curiosidade e o embevecimento do curuminzinho não deixava pensar que estivesse tão doente assim. Ele queria poesia, puxava a mãe pela saia.

Fui a elas, a mamãe índia se chama Kanaiu Waiãpi, a criança me foi apresentada por seu nome “de guerra”, mas ante a minha incapacidade de compreender o que a mãe dizia ficou-me o nome civil: Dário Waiãpi.

Está internado por causa de malária, Kanaiu não tem esperança de que seu neném vá ter alta até o Natal.

Minha neta estava comigo, nas cadeiras do fundo ela acompanhava a festa com visível surpresa. Não me disse, mas adivinhei que descobria naqueles momentos a extensão do Poesia na Boca da Noite. As mágicas que iam sendo feitas, as brincadeiras inventadas pelos poetas “palhaços”, as encenações a foram encantando.

Não deixei que nossos olhares se cruzassem em momento algum porque assim, creio, evitaria que percebesse que rezava agradecendo a Deus por ela cheia de saúde em meio a tantas crianças esperando autorização daquele hospital para voltarem ser apenas criança.

 Médicas e Enfermeiras também declamaram poesias para seus pacientes mirins

Chegando a minha hora de recolhimento fui ao encontro da Alcinéa, um pouco afastada do palco dos acontecimentos – espairecia rendida a tantas emoções.

Chamei-lhe a atenção para a janela do andar superior do hospital, a mãe ainda tinha seu bebê ao colo, continua lá… quem sabe compondo uma poesia para seu bebê.!?”


Poesia na escola Alexandre Vaz Tavares

Na quinta-feira, a convite da direção e de professores, estendemos o Pano da Poesia na tradicional Escola Alexandre Vaz Tavares e lá, junto com alunos e professores, vivemos momentos de intenso lirismo.
Foi bonito sentir o interesse dos estudantes pela poesia, ver professores e alunos declamando juntos e constatar que essa juventude está escrevendo – e bem. Lá descobrimos novos talentos, jovens que aguardavam uma oportunidade para mostrar seus poemas. Oportunidade garantida pela direção e corpo docente da escola e pelo Movimento Poesia na Boca da Noite.  E assim poesias que estavam “presas” nos cadernos e nos blocos de notas de celulares foram libertadas. Isso é gratificante!
Eis algumas fotos:

Poetinhasdo Movimento Poesia na Boca da Noite com a diretora da escola, professora Marilda

Poesia na escola e no hospital

Ontem o Movimento Poesia na Boca da Noite esteve na escola Alexandre Vaz Tavares declamando com estudantes e professores de lá. Foi lindo! Há muitos talentos ali, “descobrimos” jovens produzindo poesias belíssimas mas que deixavam trancadas nas gavetas por falta de oportunidade para mostrá-las.

Hoje o Movimento Poesia na Boca da Noite estará, a partir das 17h, no Hospital da Criança. Com os pequeninos internados ali vamos declamar poesias, brincar de ciranda, soltar bolhas de sabão, fazer teatrinho e criar historinhas de Natal. Vai ser lindo!

Amanhã posto aqui no blog as fotos de ontem e de hoje.