Um Góes para Rei Momo

Em qualquer cidade deste país cabe à Prefeitura realizar o concurso para escolha de Rei Momo. Só em Macapá é diferente.
A Liga das Escolas de Samba decidiu que não quer mais Sucuriju como Rei Momo e dentro de alguns dias estará escolhendo outro, mediante análise de currículo.
Dizem por aí que a presidência da Liga tomou a iniciativa de escolher o Rei com medo que a Prefeitura de Macapá faça um concurso “pra inglês ver”  coroando um Góes para reinar no carnaval.
Sei não.
Mas que é estranha a forma como a Liesa está agindo, isso é.
Como eu já disse, em qualquer lugar desse país onde há carnaval, a responsabilidade pelo concurso é da Prefeitura.
E mais: análise de currículo é apenas uma das etapas.
Geralmente, são três etapas: a primeira é análise de currículo. Na segunda etapa os candidatos a Rei são submetidos a uma sabatina, onde responderão perguntas sobre a cultura e carnaval da cidade. Na última etapa, os candidatos fazem um desfile, onde são  avaliados quesitos como ginga, simpatia, irreverência, expressão corporal, entre outros.

Não entendo porque o  prefeito Roberto Góes está deixando a Liesa se apropriar de algo que é da Prefeitura. Ele sabe que é assim. Ele é do carnaval. Já foi vice-presidente da Liesa e presidente da escola de samba Jardim Felicidade, onde – diga-se de passagem – realizou um bom trabalho.

Escolha de Rei Momo não pode ser feita nas coxas. Só para vocês terem uma idéia, em 2008, em Salvador (BA), fizeram um concurso nas coxas e o Ministério Público determinou  a anulação.

Na ação,  o Ministério Público enfatizou  que “o Rei Momo, assim como diversas manifestações populares do Carnaval, constitui-se em um patrimônio público de valor cultural e, por isso, jamais poder-se-ia admitir a sua manipulação por pessoa física ou jurídica desprovida de qualquer legitimidade para representar a vontade da coletividade.”

Vale lembrar: Rei Momo não é o Rei das Escolas de Samba. Ele é o Rei do Carnaval, daí que é muito estranho que só a Liga das Escolas de Samba tenha o direito de escolher. Né não?

Perguntar não atravessa o samba
O Rei Momo recebe a chave da cidade ou a chave da Liesa?
Quem entrega a chave da cidade para o Rei é o prefeito ou a presidência da Liesa?
O prefeito de Macapá é o Roberto Góes ou a Maria?

E veio a desarmonia…

O governador Waldez Góes (PDT) já disse que vai brigar na Justiça contra a Assembléia Legislativa por causa dos cortes e remanejamentos que os deputados fizeram no Orçamento.

Sobre isso, o deputado federal Bala Rocha (PDT) enfatiza que Góes vai mesmo endurecer o jogo contra os parlamentares e vai até ao Supremo se for preciso. “Mas isso não representa uma ruptura dos diálogos com a Assembléia Legislativa”, diz Bala.

Para o deputado estadual Camilo Capiberibe (PSB) já houve a ruptura  e isso é inegável. “Quando se vai à justiça é porque o diálogo não foi suficiente para resolver a crise”, diz o deputado pessebista.

Causos da política

APURÓDROMO

O calor estava de rachar. A sede do Trem Desportivo Clube, onde era feita a apuração (ainda manualmente) parecia o mármore do inferno, de tão quente que estava. Ali não havia nem ventiladores e muito menos aparelhos de ar condicionado.

Todo mundo se abanava e reclamava do calor, inclusive o juiz eleitoral Rommel Araújo.

Eis que o vereador e candidato à reeleição Zeca Deabo  se aproxima do juiz e faz uma promessa:

– Doutor Rommel, se eu me reeleger, eu prometo construir um Apuródromo porque eu não acho justo a Justiça Eleitoral desenvolver seu trabalho num lugar tão desconfortável e quente como este.

(Do livro Zero Voto, de Alcinéa Cavalcante e Rostan Martins)

Fim de mandato, fim de harmonia

A desarmonia entre os Poderes Executivo e Legislativo no que se refere ao orçamento do Estado deste ano vai parar  na Justiça.
O governador Waldez Góes anunciou ontem que vai entrar na Justiça contra a Assembléia Legislativa para derrubar os cortes e remanejamentos feitos no orçamento.

Causos da política

Adubo

Um deputado de oposição usa a tribuna da Assembléia Legislativa para mostrar que o Amapá era um dos piores estados no quesito saneamento básico.

Em seu discurso, o parlamentar enfatizou que era inadimissível que na última década do século XX praticamente todos os quintais ainda tivessem fossas. A rede de esgoto atingia menos de um por cento da população.

Um deputado da base aliada do governo pediu um aparte e assim se manifestou:

Eu, como engenheiro agrônomo, quero dizer ao nobre colega e ao povo que lota as galerias dessa Casa que as fossas são muito mais importantes que rede de esgoto. E explico: a merda é o melhor adubo que existe, portanto nos quintais que têm fossa se o cidadão fizer hortas e plantar árvores frutíferas em pouco tempo estará colhendo frutas, verduras e legumes fresquinhos e sem agrotóxicos. Isso preserva a saúde e representa uma grande economia para a dona de casa que não precisa gastar dinheiro nem na feira nem no médico.

(Do livro Zero Voto, de Alcinéa Cavalcante e Rostan Martins)

Vereador reclama no twitter

Usando o twitter o vereador Jaime Perez (DEM) reclama que os holofotes colocados nas rotatórias ofuscam a visão dos motoristas – o que pode provocar graves acidentes. Reclama também que nos grandes eventos, como reveillon e micaretas, não são colocados banheiros químicos e que supermercados transformaram as calçadas em estacionamento para os clientes, obrigando o pedestre a caminhar no meio da rua, disputando espaço com carros e motos.
Sei não. Mas, como vereador, em vez de ficar só reclamando no twitter deveria cobrar providências da Prefeitura de Macapá. Né não?
Afinal, quem colocou holofotes nas rotatórias foi a Prefeitura; quem faz vista grossa para os empresários que transformam calçadas em estacionamento ou em bares é a Prefeitura; e quem dá licença para a realização de eventos, como reveillon e micaretas, nas praças e ruas é a Prefeitura.

Causos da política

Caralhão

Trinta dias após assumir a Prefeitura de Macapá, Anníbal Barcellos convocou uma coletiva para dizer como recebeu a Prefeitura e falar das ações que iria implementar no primeiro semestre de seu governo.

O repórter Selles Nafes foi o primeiro inscrito para fazer perguntas.

Prefeito, a cidade está cheia de buracos. O que o senhor…

Barcellos não esperou a pergunta ser concluída. Interrompeu o repórter dizendo:

Esses buracos estão aí há um caralhão de tempo e vocês não falavam nada, agora só porque o prefeito sou eu vocês vem com essa história.

(Do livro Zero Voto, de Alcinéa Cavalcante e Rostan Martins)