Lembram da ascensão funcional na época do governo Barcellos? Passados mais de 20 anos esta ascensão foi por água abaixo e quem subiu, agora por decisão da justiça está descendo para o cargo original. Os servidores nessa situação fazem um apelo aos deputados e senadores: se unam, se mobilizem, não deixem que o servidor mais uma vez pague o pato.
O negócio é o seguinte: em 1991, o Governo do Estado do Amapá realizou processo seletivo interno de ascensão funcional para servidores do Território Federal do Amapá (Decreto nº 0109, de 15/07/91), do qual participaram 1489 servidores. Assim, por exemplo, servidor que ingressou no serviço público no quadro de agente administrativo, mas que depois fez faculdade, participou da ascensão e passou a ocupar o cargo de nível superior. Como é o caso de um economista que, entrou no serviço público como motorista, depois estudou, fez faculdade, graduou-se em economia e com a ascensão passsou a ocupar o cargo de economista. Imagina agora ele voltar para o cargo de motorista que já nem existe.
Em dezembro de 1997, o Ministério Público Federal entrou com 18 ações (processos) na Justiça Federal pedindo a anulação da ascensão funcional e o retorno dos servidores aos cargos de origem. A decisão de 1ª instância acolheu o pedido do Ministério Público. Houve recurso para o Tribunal Regional Federal que manteve a decisão. Houve recursos para o Superior Tribunal de Justiça-STJ e para o Supremo Tribunal Federal-STF, mas estes tribunais não julgaram os recursos e a decisão se tornou definitiva – transitou em julgado. Assim, depois de mais de 20 anos da ascensão, os 18 processos, na medida em que são analisados no Superior Tribunal de Justiça, estão retornando para a Justiça Federal em Macapá para cumprir a decisão, ou seja, para os servidores retornarem aos cargos de origem.
Há cargos que nem existem mais na estrutura da Administração Federal, como motorista, servente, datilógrafo…
Sem entrar no mérito da decisão, é preocupante a situação de servidores que, há mais de 20 anos, exercem cargos com remuneração já ajustada ao seu orçamento doméstico e sua vida como um todo passem a receber uma remuneração bem menor da qual já estavam habituados, considerando-se que todos estão com idade avançada, às vésperas da aposentadoria, sem mais tempo de buscar outro emprego ou participar de concurso. Isso afeta não só a economia doméstica, mas também o psicológico do servidor que tem de manter o sustento de sua família com salário reduzido.
E claro que essa situação vai, também, refletir na economia do Estado que, com a redução salarial, terá menos dinheiro circulando.
A situação é séria e merece a atenção dos governantes, políticos e sindicatos.