Artigo dominical

Nós cantamos e dançamos juntos
Dom Pedro José Conti, Bispo de Macapá

Muitos anos atrás, um missionário atravessava um país da África e um jovem lhe servia de guia. Todas as noites, quando o sol estava se pondo, num momento certo, o jovem se colocava na frente da luz. Começava a mover ritmicamente os pés e a cantar bem baixo uma doce música, cheia de saudade. Ver aquele jovem africano cantar naquele momento, iluminado pelos últimos raios do sol, suscitava a admiração e a curiosidade do missionário. Assim, uma noite, perguntou ao guia: Continue lendo

Ora, pílulas! – Por Rui Guilherme

ORA, PÍLULAS!
Rui Guilherme

Estar em dúvida é próprio dos inquietos. É bom? Eis a dúvida.

O espírito aplacado dorme, e não sonha. Tampouco tem pesadelos. Pesadelo é um sonho que não deu certo. Vale a pena dormir – e dormir é até mesmo terapêutico -, mas sem nunca sonhar? Pergunta-se: compensa a quase-morte de noite após noite, consolado pela ideia de que jamais se acordará, no meio da noite com a boca seca e o coração aos pulos, isso porque, nunca sonhando, igualmente não se será assolado por nenhum pesadelo? Ora, pílulas!

E os imigrantes, hein? Aqueles milhões de coitados deixam para trás suas casas, tudo o que construíram na vida, Continue lendo

Artigo dominical

Querer sempre mais
Dom Pedro José Conti, Bispo de Macapá

– É apenas o alfaiate, senhor, com a sua continha – diz uma voz choramingando do lado de fora da porta.

– Oh, está bem! – diz o professor às crianças – Vou já resolver o caso dele. Esperem um instante. E, este ano, quanto lhe devo, meu bom homem? – Perguntava o professor enquanto o alfaiate já tinha entrado.

– Veja, por tantos anos, o valor foi dobrado – respondeu o alfaiate meio brusco – e agora acho que realmente quero receber o dinheiro. São dois mil reais. Continue lendo

Artigo dominical – O europeu e a China

O europeu e a China
Dom Pedro José Conti, Bispo de Macapá

Um homem, um europeu, viajando para o oriente, conheceu uma moça chinesa. Ele se apaixonou pela mulher, mas não podia conversar com ela. Não conhecia a língua e não podia lhe escrever e nem receber suas cartas. Voltando para o seu país, decidiu aprender chinês para se comunicar com sua amada. Depois de muitas dificuldades, encontrou onde aprender chinês. Mergulhou no estudo da língua e tanto se esforçou que se tornou um eminente conhecedor da língua chinesa, convidado a dar palestras no mundo inteiro sobre a língua e a cultura chinesa. Seus estudos, suas viagens e compromissos se tornaram tantos que, no começo, ele escrevia para sua amada e recebia a resposta dela. Depois, não conseguia mais tempo para escrever e nem sabia onde mandar as cartas. Ele acabou sendo um homem tão importante que esqueceu a mulher pela qual aprendeu chinês.

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Artigo – São Luis: Que falta Você Faz

São Luis: Que falta Você Faz
Por Alcione Cavalcante

Nestes tempos duros, difíceis para a maioria do povo, onde a desfaçatez assume proporções nunca dantes imaginadas. Nestes momentos onde as cifras da corrupção atingem níveis que assustam o mais pessimistas dos analistas do comportamento nacional e de sua famosa habilidade em dar um jeitinho nas coisas. Na época em que um ex-vereador de interior paulista se instala num dos ministérios de reconhecida competência técnica e até então imune à roubalheira, como é o caso do Ministério do Planejamento e de lá surrupia mais de R$ 50 milhões de reais numa boa. É para refletir. Se um ex-vereador (sem demérito para essa função importante), o primeiro degrau da

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Artigo dominical

Uma grande pretensão
Dom Pedro José Conti, bispo de Macapá

           Certo dia um chefe de família foi visitar Sri Rama e falou assim:

– Homem de Deus, ouvi dizer que você viu o Senhor. Mostra-o também a mim e explica-me como isso é possível.
Respondeu o mestre:

– Tudo depende da vontade de Deus. Mas também da sua. Se você está sentado na beira de uma lagoa e somente fica dizendo: “Tem peixes bonitos por aí”, será que vai pegar algum deles? Vá antes buscar o necessário para pescar: o caniço, a linha e alguma isca. Depois joga o anzol na água e fica esperando. O peixe subirá do fundo do lago, se aproximará da isca e você fará de tudo para pegá-lo. Está me pedindo para ver a Deus e fica ali tranquilo sem o mínimo esforço. Você queria que eu tirasse o leite da vaca, pegasse a nata, a transformasse em manteiga e a colocasse em sua boca numa colher de prata. Meu amigo, você é bastante estulto, não acha?
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Artigo dominical

Os gestos e as palavras
Dom Pedro José Conti, Bispo de Macapá

Antigamente existia um mestre que, diziam, ensinava a sabedoria de uma forma extraordinária somente através gestos e sinais. Um homem ficou muito atraído por esta maneira de ensinar. Ele teve que atravessar mares e terras para encontrá-lo, mas não desistiu. Quando o viu, o mestre lhe disse logo:

– Para dar os primeiros passos no caminho da sabedoria, deve, antes, estar pronto a aprender somente através das palavras.

O homem reclamou:

– As palavras eu posso encontrá-las em qualquer lugar. Eu vim para aprender através dos sinais!

O mestre abanou a cabeça:

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Artigo dominical

Quo vadis?
Dom Pedro José Conti, Bispo de Macapá

“Senhor, aonde vai? ” As palavras originais são em latim. Esta é a pergunta que constitui o título de um famoso romance de Henryk Sienkiewicz, escritor polonês. A obra foi escrita entre os anos 1894 e 1896 e publicada, em capítulos, num jornal da Cracóvia. O mesmo escrito também deu origem ao filme homônimo. A história que o romance desenvolve acontece na antiga Roma, no tempo das perseguições contra os cristãos sob o comando cruel do imperador Nero. Foi nessa época que, segundo a tradição cristã, foram martirizados São Pedro e São Paulo. Entre outras tramas, que se entrelaçam ao longo da obra, como em qualquer romance, está a situação pessoal do apóstolo Pedro.
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Artigo dominical

Os dois irmãos
Dom Pedro José Conti,Bispo de Macapá

Dois irmãos eremitas viviam juntos na mesma casinha, havia muitos anos, e eram muito conhecidos por sua humildade e paciência. A morada era de adobe, rebocada e bem arrumada. Ao redor dela tinham uma horta sempre bem regada, porque souberam aproveitar de um riacho que passava por perto. Tinham fruta, verdura e flores o ano inteiro, com tanta fartura, que podiam distribuir o que colhiam a outros eremitas. Certa vez, um velho monge, que tinha ouvido falar das grandes virtudes dos dois, decidiu visitá-los, para conferir se era tudo verdade o que se dizia. Ele foi acolhido com  Continue lendo