Presidente da CPI da Saúde, o deputado estadual Dalto Martins – que é médico – disse que ficou estarrecido com o depoimento de José Nilson França, gerente geral do programa Visão para todos. Na verdade, França não deu quase nenhuma informação. Disse que não tinha autorização para falar, principalmente sobre o pagamento dos plantões.
Já o chefe do serviço de oftalmologia do hospital Alberto Lima disse que a população está ficando cega pela falta de remédio e atendimento.
Em seu blog, Dalto Martins, escreveu o seguinte:
“Fiquei estarrecido com o depoimento do senhor José Nilson França ao falar que o programa atua apenas com dois médicos e que só realiza dois tipos de cirurgia, sendo que nós temos pelo menos mais três que acometem nossa população.
Durante a sabatina perguntei ao José Nilson o valor e a forma de pagamento feito aos médicos que trabalham no programa. José Nilson disse não ter autorização para falar.
Denúncias que chegaram à CPI dão conta de que os profissionais recebem os valores como se tivessem dado plantões, se for verdade, isso é um crime grave. Outra situação é que, se eles recebem valores referentes as cirurgias, eles não podem realizar o procedimento dentro de um hospital público, usando toda a estrutura e medicamentos do mesmo. O Estado gasta em dobro nesse caso.
Em 2003 foi aprovada a lei 771/03 de minha autoria que autoriza o poder executivo a celebrar convênio com a Sociedade de Oftalmologia do Estado. Por meio desse projeto foram realizadas mais de 1000 cirurgias em clínicas particulares, não era utilizada a estrutura do hospital.
No hospital Alberto Lima, no setor de oftalmologia, o Estado está com uma demanda de mais de 1000 pacientes aguardando por uma cirurgia. E o gerente do Visão para todos classificou o serviço como sendo de boa qualidade.
O oftalmologista Roberval Menezes, chefe do serviço de oftalmologia do hospital Alberto Lima disse que a população está ficando cega pela falta de remédio e atendimento. Ele disse ainda que, o Amapá possui 10 oftalmologistas e apenas 7 atendem toda a demanda do Estado. Roberval também lamentou a falta de um banco de olhos no Amapá. É o único Estado do Brasil que não possui o serviço.
Temos no Alberto Lima um aparelho para fazer exame de retina que custou mais de cem mil dólares e está parado na sala da administração do hospital por falta de técnico para manipulá-lo, apesar de termos bons profissionais na área.
Na minha opinião os depoimentos de hoje deixaram claro que não tem investimento em um setor de extrema importância para a nossa população. A CPI da saúde vai se aprofundar no caso, visto que ficou claro que o senhor José Nilson França, gerente geral do programa Visão para todos foi orientando para não comprometer a secretaria de saúde e omitiu muitas informações. Vamos retomar o assunto novamente e se necessário ouvi-lo mais uma vez.”